A Prefeitura de Mauá demitiu o ativista da causa negra Aparecido Anthony dos Santos da Coordenadoria de Políticas para Promoção da Igualdade Racial e Étnica . Ele acusa o governo de Leonel Damo (PV) de ser “uma gestão racista” e afirma que sua exoneração deu-se exclusivamente por questões políticas. Anthony diz que se recusou a apoiar a vereadora Vanessa Damo (PV), filha do prefeito, que é pré-candidatura a deputada estadual.

O presidente da ONG ABC Sem Racismo, Dojival Vieira dos Santos, sai em defesa de Anthony. Para ele, a demissão do coordenador “é o golpe final de um processo de desmonte da coordenadoria que começou no início da gestão Damo”. Ele insinua que o prefeito é racista.

“A ONG ABC Sem Racismo faz um chamado à população negra de Mauá para que esteja atenta a políticos como Damo que, por trás de uma aparência civilizada, maltratam a população negra – que na região corresponde a cerca de 800 mil pessoas – e praticam racismo institucional”, comenta Dojuval..

Anthony afirma que foi procurado por “mensageiros do governo” que sugeriram-lhe indiretamente que apoiasse Vanessa. “Isso nunca foi dito diretamente pelo prefeito, mas os mensageiros sempre trazem esse pedido de forma paralela”, diz, sem revelar nomes.

O ex-coordenador acredita que a Prefeitura tentará desviar o foco de sua demissão. “Com certeza, eles devem criar dois ou três eventos populistas como estratégia. A coordenadoria será um cabo eleitoral, porque essa gestão não tem compromisso com a questão racial”, afirma o funcionário demitido.

A Coordenadoria de Políticas para Promoção da Igualdade Racial e Étnica foi criada em julho de 2005 no governo interino de Diniz. O organismo é vinculado à Secretaria Municipal de Educação e Cultura. O salário do coordenador é de R$ 3.225,23.

Para o presidente da ABC sem Racismo, a população negra de Mauá foi a vítima da briga política entre o prefeito e o presidente da Câmara, Diniz Lopes (PL), pré-candidato a deputado estadual e adversário direto de Vanessa. “A disputa política é o pano de fundo da decisão de sucatear a coordenadoria”, crê Dojival. Anthony, por sua vez, diz que foi procurado pelo liberal após sua exoneração, mas não revelou se irá apoiá-lo.

A secretaria municipal de Educação, Angela Donatiello Lopes, nega que a demissão de Anthony tenha sido política. “Ele foi exonerado por problemas profissionais.” Segundo ela, os trabalhos estavam aquém do esperado.