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Condutores mais novos morrem mais no trânsito

Pesquisa do Estado aponta que pessoas de 18 a 34 anos representam 42,4% dos óbitos

Por Vinícius Castelli
Do Diário do Grande ABC
21/11/2020 | 00:01
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Nario Barbosa/DGABC


Condutores mais novos, na faixa de idade de 18 a 34 anos, se envolvem mais em acidentes de trânsito fatais do que motoristas mais velhos, acima dos 50 anos. É o que aponta pesquisa realizada pelo Programa Respeito à Vida, da Secretaria de Governo do Estado de São Paulo, coordenado pelo Detran-SP.

De acordo com o estudo, entre janeiro e outubro, 4.085 pessoas perderam a vida em acidentes no Estado, sendo que 2.505 (61,3%) eram condutores. Deste montante, 42,4% têm de 18 a 34 anos; 28,5% de 35 a 49; e 24,5% mais de 50 anos. Os outros 4,6% têm menos de 18, ou seja, dirigem de forma irregular, ou não há identificação exata da idade.

Só no Grande ABC foram 164 mortes de condutores de janeiro a outubro. A pesquisa mostra ainda que houve redução dos casos, já que no mesmo período do ano passado foram 191 óbitos de condutores (veja na arte abaixo).

No Estado de São Paulo, das 25 milhões de habilitações, 28% são de motoristas de 18 a 34 anos. Os habilitados de 35 a 49 anos somam 33% e os com mais de 50 anos, 39%.

Especialista em mobilidade urbana e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie Campinas, Luiz Vicente Figueira de Mello Filho explica que quando se fala de público na faixa dos 50 anos ou mais, há questão relacionada à preocupação, ao medo de se expor aos riscos em acidentes. Segundo ele, trata-se de pessoas que “tiveram mais tempo de aprender, com mais lições adquiridas ao longo da vida”.

Em contrapartida, as pessoas mais novas, como as da geração Z – quem nasceu no fim da década de 1990 –, “não têm esse medo (de se expor), como as mais velhas. Acabam abusando, ora da velocidade, ora do cumprimento da legislação, do sinal vermelho, da passagem de pedestres, das conversões”, explica.
Para o especialista, há outra questão que precisa ser levada em conta quando se trata do público mais jovem: o excesso do uso do smartphone e a necessidade de estar conectado o tempo todo. “Acabam perdendo a atenção ao dirigir. O uso do telefone, nessa questão, acaba sendo comparado às pessoas que andam embriagadas. O tempo de reação é mínimo e o risco de acidente é alto. Não dá para prestar atenção ao telefone e na direção.”

Apesar dos números, há quem tenha cautela, como é o caso do morador de São Bernardo Douglas de Melo Moraes Silveira, 26 anos. O engenheiro civil é condutor desde os 18 e diz que percebe a diferença em seu comportamento no trânsito de quando tirou sua habilitação para cá.

“As pessoas, com 18 anos, quando tiram a carta de motorista, principalmente homens, são mais afoitos no trânsito, querem correr, não prestam atenção, pois estão na adrenalina de estarem dirigindo. Hoje tenho muito mais cautela do que aos 18”, afirma.

Ele se recorda que antes corria mais nas estradas e não era tão atento ao dirigir. “Queria chamar a atenção. Você vai amadurecendo”. Silveira diz que hoje presta mais atenção ao limite de velocidade e respeita sempre a faixa de pedestres. Aprendeu essas condutas, sobretudo, por trabalhar em uma montadora de veículos da região.

Ainda assim, Silveira conta que o celular está sempre por perto, mesmo no carro, para escolher as músicas que ouve durante o trajeto. Mas usa com cautela. “Enquanto dirijo não mando mensagem. Quando o farol fecha, sim”, conta. 




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