Esportes Titulo Tragédia
Há um ano, EC Água Santa vivia desabamento do Inamar
Por Dérek Bittencourt
07/11/2016 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


Há exato um ano, o Esporte Clube Água Santa vivia um dos capítulos mais difíceis de sua história de 35 anos. Na manhã do dia 7 de novembro de 2015, a aceleração das obras do Estádio do Inamar para atender às exigências impostas pela Federação Paulista de Futebol e debutar na elite estadual custaram caro ao clube, que literalmente viu a casa cair. O setor que abrigaria os camarotes, tribunas de imprensa e arquibancada social ruiu em efeito dominó, ferindo dois operários, causando transtorno às casas localizadas atrás da praça esportiva e, naquele momento, deixando a participação no Paulistão em dúvida.

O pesadelo começou dois dias antes, em 5 de novembro, no sorteio dos grupos do Estadual de 2016, quando o nome do Água Santa não constava entre os clubes participantes porque o estádio não comportava os 10 mil torcedores obrigatórios por regulamento. Assim, o Netuno solicitou à construtora Direplan para que agilizasse o processo. Entretanto, a pressa causou transtorno muito maior, com o desabamento de parte da estrutura. A empresa, um mês depois, assumiu culpa pelo problema apontando “falha no projeto” por meio do engenheiro responsável Eduardo Battagin. “Ele disse: ‘A responsabilidade é toda minha porque eu era responsável pela obra’”, declarou, à época, o delegado titular do 4º DP (Eldorado) de Diadema, Miguel Ferreira da Silva, referindo-se ao depoimento de Battagin.

Após perícia, estudo, assumir comprometimento de cumprir prazo com a Federação Paulista e contratação de outra construtora – Iron Fer – o clube teve novo estádio em 45 dias, entregue às vésperas do campeonato, mas com algumas restrições, como a não utilização de um setor construído pela Direplan (atrás do gol à esquerda das cabines) e falta de sistema de iluminação satisfatório.

Em declaração ao Diário após o congresso técnico do Paulista da Série A-2, no início da semana passada, o presidente Paulo Sirqueira confirmou que teve de investir alto valor para deixar a praça esportiva apta a receber os compromissos em 2016. Por isso, não realizará intervenções para 2017 – situação que obrigará o Netuno a jogar durante o dia, porque o sistema de iluminação não suporta jogos noturnos.

“Acabamos gastando mais do que estava previsto. Não está dentro do nosso orçamento mexer em nada”, disse Sirqueira na oportunidade. “Então não vamos aumentar o prejuízo. A estrutura que está lá atende e atende bem”, emendou.

Haitiano acidentado não recebeu ajuda de empresa


O haitiano Scorty Moïse, 32 anos, foi uma das vítimas da queda de parte da estrutura do Estádio do Inamar. Ele iniciava o segundo dia de trabalho na obra e teve o pé esquerdo quebrado. Passado um ano, o estrangeiro foi submetido a cirurgia em hospital público de Diadema, ainda tem haste de ferro e parafusos no local da fratura, caminha com dificuldade e não arranjou mais trabalho. 

“A empresa (Planecap Comercial, terceirizada pela Direplan) não fez nada por ele. Tudo é feito com nosso dinheiro. Ele anda mais ou menos, mas não consegue trabalhar”, disse o irmão, Jacson, com quem mora (na Capital) e dividia o posto na praça esportiva diademense. A situação coloca em xeque a permanência de ambos no País. “Queremos ficar, mas a justiça no Brasil é ruim”, afirmou o haitiano, que estava há quatro dias na obra, atualmente também está desempregado e pretende processar a empresa que os contratou. Entretanto, não tem condição financeira para a ação.

Ambos vivem com dinheiro enviado pela família do Haiti. “É uma vergonha”, admite Jacson, entristecido. Para piorar, o furacão Matthew, que assolou o país centro-americano há um mês, destruiu a casa do pai de Scorty e Jacson. “Não sobrou árvore. Agora é deserto.”

O Diário procurou representantes das empresas, mas eles não foram encontrados.




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