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Pastor Isaias quer processar delegado
Por Evelize Pacheco
Do Diário do Grande ABC
12/02/2005 | 15:37
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A defesa do vereador pastor Isaias Maria (PV), de Diadema, pretende encaminhar representação contra o delegado da PF (Polícia Federal) de Sorocaba, Fernando Bronhtacq, por conta das declarações feitas pelo policial à imprensa a respeito do uso do carro oficial da Câmara de Diadema. O vereador é acusado de envolvimento em esquema de fraude ao INSS (Instituto Nacional de Seguro Social).

A decisão de processar o delegado da PF foi anunciada nesta sexta-feira pelo vereador. "Ele ultrapassou os limites da competência como delegado federal e por isso vai merecer uma representação junto a corregedoria da polícia federal", argumenta o advogado José Luiz de Oliveira, que junto com Luiz Braz de Oliveira e Ricardo de Souza defenderão Pastor Isaías.

Fernando Bronhqact garantiu que enviaria nesta sexta ofício à Câmara de Diadema comunicando o uso do carro pelo vereador ao depor em Sorocaba. No entanto até o final da tarde, o documento não thavia sido entregue, segundo a assessoria de imprensa da Casa.

O delegado da Polícia Federal alega que não houve tempo para preparar o documento, mas que mantinha a posição defendida anteriormente. "Não vou investigar esse caso (do carro)", diz, "mas se tenho a notícia (de que houve uso indevido de carro oficial) tenho que encaminhá-la a quem tem o direito, que é o presidente da Câmara." Bronhtacq garante ainda que comunicará a irregularidade à Polícia Civil e ao Ministério Público de Diadema.

O vereador pastor Isaías Maria admitiu que esteve em Sorocaba na sexta-feira com o carro, mas garante que o ato foi provocado pelo próprio delegado da Polícia Federal, ao conduzir a investigação em seu escritório, no centro de Diadema. Isaias explica que tentou buscar um carro particular, mas o delegado pediu para acompanhá-lo no veículo da Câmara. "Fui com o carro oficial, não nego, fui com o veículo oficial a pedido da polícia." O advogado José Luiz de Oliveira explica que o pastor temia algum mal-entendido por parte dos agentes federais e até fosse preso por isso. Fernando Bronhqact contesta a versão do parlamentar. O delegado afirma que Isaías teria dito aos policiais que o carro era de uso próprio.

Isaias leu uma declaração no início da entrevista coletiva afirmando que apóia e quer acompanhar de perto a investigação sobre possíveis fraudes ao INSS, que envolveu seu nome na operação realizada em Sorocaba. "Não tenho o que me envergonhar, nem tampouco trair meus princípios religiosos, os meus eleitores, e também aos meus companheiros do Legislativo", ressaltou.

O parlamentar de Diadema disse ainda que houve alguns equívocos sobre o episódio há uma semana – o primeiro que assessores dele na Câmara teriam retirado documentos do gabinete ao saber da operação da Polícia Federal. De acordo com vereador, os funcionários estavam retirando jornais velhos para realizar uma reforma na sala. O segundo equívoco, na versão de Isaías, ocorreu em relação à presença da PF na Câmara. "Isso foi uma mentira, porque eu saí do meu escritório junto com a Polícia Federal e fui até Sorocaba", ressaltou.

Tanto para os advogados como para Isaias o fato dele ser uma figura pública pode ter influenciado na condução do inquérito e na repercussão da busca em seu escritório. O pastor alega que houve operações semelhantes em outros locais de Diadema, mas só o seu caso teve destaque.

Já o indiciamento do pastor no esquema de fraudes na concessão de aposentadorias no INSS de Sorocaba foi considerado prematuro pela defesa. Na avaliação de José Luiz de Oliveira, os laudos da perícia sobre a documentação apreendida não foram concluídos e portanto não há provas suficientes para tal ação da polícia. "Se o delegado indiciou indevidamente cabe uma ação indenizatória por dano moral praticada contra o vereador", garante.

O verde esclarece também que seu escritório parou de prestar serviços para entrada de pedidos de aposentadorias no INSS em novembro do ano passado, após as eleições. Segundo o vereador, as atividades contábeis aumentaram nesse período, concentrando todo o serviço do escritório. E acrescentou que a história começara em Sorocaba, porque o beneficiário Wilson Cavalcanti Falsoni (autuado pela polícia federal no dia 3) trabalhava na cidade, mas morava em São Bernardo, daí contratou os serviços em Diadema.

O PV vai aguardar o desfecho da investigação e a manifestação da justiça para discutir o futuro do pastor.




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