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Música que nasce do inusitado

Músico andreense Fernando Sardo tem 'agenda' cheia neste domingo e na segunda-feira

Por Ângela Corrêa
Do Diário do Grande ABC
20/09/2008 | 07:00
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Por se dedicar à construção de instrumentos a partir de materiais pouco ortodoxos, o músico e pesquisador Fernando Sardo, 45 anos, tem, perante os menos informados, uma aura de ‘bicho-grilo' que não condiz com sua intensa participação no circuito artístico de São Paulo e região. Exemplo disso é a ‘agenda' repleta neste domingo e na segunda-feira. Na programação do andreense nos dois dias, um show, a inauguração de uma de suas famosas esculturas sonoras e o lançamento de um documentário do qual é protagonista.

"A gente não pára de trabalhar", diz o andreense. ‘A gente', no caso, é a banda GEM (Grupo Experimental de Música), que faz apresentação gratuita amanhã, às 16h, no Sesc Santo André e que surgiu em uma das oficinas que o multiinstrumentista ministrou na Emia (Escola Municipal de Iniciação Artística) Aron Feldman, de Santo André. Sardo e os músicos Fábio Marques, Flávio Cruz, Luciano Sallun, Rodrigo Olivério e Bira Azevedo têm viajado bastante para mostrar sua curiosa interação com o Dessintetizador, gigantesco instrumento de sucata e outros objetos peculiares surgido a partir de suas pesquisas. A banda surgiu em 2004. "Deixamos de ter uma relação professor-aluno e passamos a colaborar um com o outro", completa.

Antes do show do Sesc, Sardo estará no Parque Celso Daniel para inaugurar Onda, escultura sonora abstrata de aproximadamente 2 m de altura por 2 m de largura. Na prática, a obra é um gigantesco instrumento que permite a interação dos freqüentadores do parque. Ao serem pressionadas, as teclas da estrutura de tubos de aço e inox acionam um dos 16 sinos afinados em escala musical. Sardo estará no local amanhã, a partir das 10h, para demonstrar o funcionamento.

Onda foi construída como parte do TIM Música nas Escolas, que é realizado em Santo André. Os alunos do projeto, que tem como professor o colega Bira Azevedo, se apresentam também amanhã, por ocasião das comemorações do Dia Internacional da Paz. Outras quatro obras diferentes estão espalhadas por Florianópolis, Ribeirão Preto, Cuiabá e Manaus.

NA TELONA
Fora da região, outro compromisso importante. Na segunda-feira será lançado para convidados Musicagen, documentário de Nereu Cerdeira e Edu Felistoque que investiga a oposição entre produção artística e comercial. Partindo da trajetória de Sardo, os cineastas entrevistam André Abujamra, os maestros Julio Medaglia e Daniel Misiuk, o rapper Thaíde e a instrumentista Badi Assad, entre outros, para montar esse panorama no Brasil.

O filme, que estréia em São Paulo na sexta (26) vem sendo exibido em festivais desde 2006. "Esteve em Cannes e no Festival de Cinema de São Paulo no ano passado", diz o ‘protagonista'. "É engraçado e depois muito gostoso se ver na tela", admite.

A produção é o segundo título da dupla que resultou da interação com Sardo. O primeiro foi Personagem Principal, já exibido na TV. "Pegou o surgimento da GEM e o nascimento da minha filha, Chiara (hoje com 3 anos). Eles me seguiram por todo canto e foi muito gratificante. Esse foi focado mais no meu trabalho como educador. Musicagen é bem mais crítico. O grande recado é que não precisa ser mais um para fazer arte e a falta de recurso não é impeditivo", pondera.

Coincidência ou não, Cerdeira e Felistoque conheceram o músico em 2001, durante a produção do curta Zagati, sobre catador de papelão que fez de sua casa um museu dedicado ao cinema. As peças foram coletadas na rua. Sardo fez a trilha sonora.




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