A forte saída de investidores estrangeiros do mercado de ações no Brasil ajudou a inverter o fluxo cambial. Em junho, pela primeira vez desde janeiro deste ano, a diferença entre a entrada e a saída de moeda estrangeira fechou negativa em US$ 877 milhões.

Depois do boom de investimentos para a Bovespa, que se acentuou no final de 2007 e início deste ano com a proximidade de o Brasil receber o grau de investimento, os estrangeiros aproveitaram para realizar lucros. Analistas apontam que, com a queda das Bolsas no Exterior, investidores podem ter saído do País para cobrir perdas lá fora.

Outra parte dos dólares que saíram corresponde a remessas de lucros e dividendos feitas pelas empresas. As saídas líquidas de dólares da conta financeira - que contabiliza as remessas de lucros e dividendos, os investimentos diretos e em carteira, como ações e renda fixa - fecharam o mês em US$ 5,57 bilhões.

A conta comercial ficou no mês positiva em US$ 4,7 bilhões. É resultado de exportações de US$ 17,73 bilhões e importações de US$ 13,03 bilhões.

No semestre, o fluxo cambial continua positivo em US$ 14,93 bilhões, refletindo o saldo positivo de US$ 29,55 bilhões da conta comercial. A conta financeira registra nos primeiros seis meses do ano a saída líquida de US$ 14,61 bilhões. Em maio, o fluxo cambial foi positivo em US$ 148 milhões. A última vez que o fluxo cambial ficou negativo foi em janeiro, com saldo de US$ 2,35 bilhões.

Segundo o especialista no mercado de câmbio Nathan Blanche, cerca de US$ 4,7 bilhões saíram da Bolsa em junho. "O resultado do fluxo cambial é uma prova empírica que não está havendo capital especulativo para renda fixa. A Bolsa brasileira é a única no mundo que continuava positiva em 12 meses. Está claro que investidores correram para realizar lucros."