Santo André anunciou ontem plano emergencial que prevê a limpeza de bocas de lobo e galerias pluviais, corte de mato em áreas de alagamento e ação intensa de monitoramento junto a famílias que moram em áreas de risco até o fim do verão. A ideia é minimizar os efeitos dos temporais, como o observado na noite da terça-feira, quando a cidade registrou 62 mm de precipitação em 45 minutos.

Clique aqui para assistir ao vídeo

A falta de manutenção no sistema de microdrenagem, aliada à ausência de obras antienchente, potencializou os efeitos do temporal, deixando vias importantes, como a Avenida dos Estados, submersa. Ontem, voltou a chover; ruas ficaram alagadas e cobertas de lama.

Segundo o prefeito Carlos Grana, a alternativa encontrada foi realizar força-tarefa com funcionários da Sosp (Secretaria de Obras e Serviços Urbanos) e Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental) para desobstruir os canais de escoamento de águas pluviais. A Prefeitura não mantém contrato com empresa para a manutenção pública. Mas deveria, segundo o prefeito. A contratação do serviço em caráter emergencial não foi descartada. "Infelizmente a administração anterior não investiu em medidas preventivas que deveriam ter começado em junho", destaca.

De acordo com o superintendente do Semasa, Sebastião Ney Vaz Júnior, passado o verão serão estudados projetos como a construção de mais dois piscinões municipais, sendo um na região da Vila América. "Não faremos obras até abril porque isso só piora o problema", explica. Ele destaca que, se o serviço de limpeza de bueiros e galerias tivesse sido feito, metade dos transtornos com alagamentos poderia ser evitada.

O superintendente do Semasa destaca o comprometimento do piscinão do Paço de Mauá como um dos causadores das cheias na Avenida dos Estados. O reservatório tem capacidade para armazenar 1 milhão de m³.

Já o Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado) ressaltou que investiu R$ 29 milhões na manutenção de 25 reservatórios na região metropolitana, com total de 245 mil m³ de detritos retirados.

AVENIDA DOS ESTADOS

Entre as prioridades do prefeito está a Avenida dos Estados. O tema foi pautado, inclusive, para a próxima reunião do Consórcio Intermunicipal. "Nós já perdemos várias oportunidades de melhorar a condição da via. A última foi com a construção do Aquapolo, (projeto de reúso de água para empresas do Polo Petroquímico), quando poderíamos ter feito obra que melhorasse o curso do rio (Tamanduateí)", destacou Grana. Como trata-se de avenida que atende Mauá e São Caetano, o assunto ganhará fôlego regional, e caberá à entidade reivindicar obras de macrodrenagem na região.

Núcleo de defesa civil nas comunidades será resgatado

Dentro do chamado Plano Chuvas de Verão, que prevê a ação da Defesa Civil junto às comunidades em áreas de risco e estratégias de contingência em casos extremos, a Prefeitura de Santo André promete resgatar os Nudecs (Núcleo Comunitário de Defesa Civil).

Formados por grupos de moradores dos bairros mais vulneráveis a deslizamentos que são capacitados e treinados pela Defesa Civil, os Nudecs propõem atividades de prevenção e redução de riscos e desastres. Os voluntários participam do Sistema de Alerta Comunitário e auxiliam nas ações emergenciais.

Apesar de destacar que Santo André conta com 400 famílias em áreas de risco, o superintendente do Semasa informou que nenhuma delas está instalada em local com risco 4, o mais grave.

Ontem, durante vistoria para avaliar os estragos do temporal que caiu na noite de terça-feira, nenhuma família precisou ser removida. "Se a remoção for necessária, estamos preparados. Temos locais para instalá-las, colchões, cobertores", esclareceu Ney Vaz.

Estão classificados como área de risco de deslizamento o Jardim Irene e o Jardim Santo André. Já os bairros Centro, Vila América, Oratório e Santa Terezinha estão em alerta quanto às enchentes.