Economia Titulo Perspectiva
Copa e eleições devem prejudicar comércio

Ao que tudo indica, setor andará a passos lentos em 2014;
crescimento estimado na região é de 2,5%

Tauana Marin
Do Diário do Grande ABC
05/01/2014 | 07:25
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O setor do comércio deverá ficar com os freios puxados em 2014. Por ser um ano eleitoral e de Copa do Mundo, o segmento deve obter crescimento menor do que em 2013. Se no ano passado o comércio da região expandiu entre 3,5% e 4% – de acordo com as previsões do presidente da Acisbec (Associação Comercial e Industrial de São Bernardo), Valter Moura, em 2014, o índice não deve passar dos 2,5%. Exemplo recente foram as compras de Natal, quando o setor não deslanchou como era esperado. Segundo a Alshop (Associação Brasileira de Lojistas de Shopping) as comercializações durante a data cresceram apenas 5% em relação a igual período do ano passado – pior desempenho desde 2004.

“O volume de dias úteis em 2014, devido a esses dois grandes eventos, deve atrapalhar esse nicho. Será um ano atípico. O comércio da região terá de ser criativo para atrair os consumidores, principalmente o ramo varejista, que deverá ter garra para sobreviver. Um dos únicos segmentos do comércio que vão se dar bem serão os que tiverem relação com o turismo, mesmo assim, apenas nas cidades onde haverão jogos”, assinala Moura.

Além da Copa do Mundo e das eleições, Moura destaca a inadimplência dos consumidores como entrave para o crescimento do comércio no Grande ABC e em todo o País nos próximos 12 meses. “Desde 2009, durante a crise financeira, o modelo econômico pregado pelo governo é o do consumismo. O excesso de crédito disponível no mercado fez com que a nova classe média emergisse. As pessoas abusaram dos cartões de crédito e carnês. Hoje, essas mesmas pessoas estão voltadas ao pagamento dessas dívidas. O modelo chegou ao seu esgotamento. Não foi à toa que o governo elevou a taxa básica de juros (Selic) em 2013.” Segundo ele, os jovens são os mais inadimplentes.

Para se ter ideia, no ano passado as famílias atingiram nível de endividamento recorde. De acordo com o último dado publicado pelo BC (Banco Central), de novembro, as famílias comprometeram 45,38% da renda com o pagamento de dívidas – isso levando em conta apenas os débitos com o SFN (Sistema Financeiro Nacional).

O presidente da Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André), Evenson Dotto, também compartilha da ideia de que o comércio não vive ‘tempos’ de bom desempenho. “Hoje, a maior parte das pessoas não tem capacidade de assumir novos compromissos financeiros. Estão na época de pagar contas antigas. Isso é muito ruim do ponto de vista comercial, já que deixam de consumir. Aos poucos, o comércio precisará fazer ajustes, o que pode ocorrer no volume de estoques e, até mesmo, no quadro de funcionários. É o que vamos ficar sabendo durante este ano.”

Dotto reforça que, apesar do cenário, não há uma visão pessimista para 2014. “O setor, mesmo com todas essas adversidades, deve crescer, mas de forma lenta, quase estagnada. A euforia do consumo já passou.”

No fim do ano, supermercados, shoppings e centros comerciais ficaram cheios, mas muito desse movimento foi na busca do menor preço. “Fui para o comércio de rua e para o shopping para pesquisar. Comprei algumas lembrancinhas que não custaram mais de R$ 50. Preciso acertar as contas neste início de ano e ainda guardar uma reserva para IPVA e IPTU”, conta a dona de casa Francisca Alvarez, 43 anos, de Ribeirão Pires.

O torneiro mecânico Eduardo Cruz, 33, de Santo André, aproveitou o fim de ano para comprar alguns presentes e caprichar na compra mensal de supermercado. “Graças ao meu 13º salário consigo fazer isso no fim de ano, mas tenho planejamento. Grande parte das bonificações vai para pagar dívidas, como parcela de financiamento da minha casa e do meu carro. Por isso, estipulei um valor mínimo para gastos com o comércio no Natal.”




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