Automóveis Titulo
Seis por meia dúzia
Por Marcelo Monegato
Enviado a Joaquim Egídio (SP)
22/09/2010 | 07:02
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Com exceção do novo Uno, o grande lançamento da Fiat em 2010 são os motores E.TorQ, que rapidamente passaram a equipar diversos veículos da marca. Um dos agraciados é o sedã Linea, que trocou o bloco 1.9 16V Flex pelo 1.8 16V Flex.

De acordo com Carlos Henrique Ferreira, consultor técnico da Fiat, a substituição dos motores se deve à "ampliação dos volumes da fábrica de Campo Largo (PR)", onde a FPT Powertrain Technologies desenvolveu e hoje produz os blocos, e à possibilidade de oferecer um motor com desempenho parecido com o do propulsor que vinha da Argentina.

E realmente os números de desempenho são parecidos. Os dois, por exemplo, entregam até 132 cv de potência, quando abastecidos com etanol. O E.TorQ oferece 18,9 mkgf de torque, ante 18,6 mkgf do substituído - ambos a 4.500 rpm. A velocidade máxima do Linea 1.9 16V era de 188 km/h, enquanto do 1.8 16V é de 192 km/h. E em termos de consumo urbano, o velho Linea bebia menos: 8,1 km/l, contra 7,7 km/l.

RODANDO
Para avaliar o Linea 2011 com motor E.TorQ 1.8 16V, viajamos a convite da Fiat até Joaquim Egídio, cidade próxima a Campinas (SP). Com as opções manual e Dualogic, experimentamos primeiro a versão mecânica. E as expectativas criadas antes de acelerar se confirmaram: o novo motor não demonstra grandes diferenças no desempenho.

O Linea continua com a mesma pegada de antes - apenas com funcionamento mais linear. Acelerações e retomadas são satisfatórias em altas rotações e pecam em baixas (até 2.000 rpm). A transmissão - a mesma de antes - continua pecando nos engates longos e pouco precisos.

Até mesmo o nível de ruído do E.TorQ lembra em muito o velho propulsor. Não chega a ser barulhento, mas também não é dos mais silenciosos entre os sedãs médios concorrentes.

A opção Dualogic também não se diferencia muito da anterior. Mas, convenhamos: passou da hora de a Fiat desenvolver um câmbio automático, deixando a caixa automatizada para veículos, digamos, mais populares. O Linea merece algo mais sofisticado.


Doblò mais agradável
Um dos veículos que mais ganharam com a chegada dos motores E.TorQ foi o Doblò. A multivan, também oferecida com bloco 1.4, agora é empurrada nas versões Adventure e HLX pelo motor 1.8 16V E.TorQ, jogando para escanteio o propulsor 1.8 anterior.

O ganho de vitaliadade é razoável. O E.TorQ entrega significativos 18 cv a mais que o antigo motor - 132 cv contra 114 cv -, quando abastecido com etanol. Em torque, o 1.8 16V é ligeiramente superior - 18,9 mkgf, ante 18,5 mkgf -, mas essa força está disponível a 4.500 rpm, enquanto no anterior era entregue a 2.800 giros.

Os dois blocos se equivalem em consumo. Segundo dados da montadora, o novo Doblò Adventure faz 7,1 km/l (etanol) e 10,3 km/l (gasolina). Já a versão aposentada fazia 7,4 km/l (e) e 10 km/l (g).

Mas é rodando que a evolução se confirma. A começar pelo bom nível de ruído na cabine. O motor empurra bem, mas não fala alto para tal. A suspensão é macia, o que implica em inclinação elevada - e incômoda - da carroceria. A transmissão da multivan tem engates mais justos e precisos que os outros veículos Fiat.

Devido à posição elevada e à ampla área envidraçada, o Doblò Adventure Locker (R$ 65.190), avaliado pelo Diário, é agradável ao volante. Transmite segurança e sensação de conforto. Os comandos, inclusive a manopla do câmbio, estão bem localizados. Espaço, ele tem de sobra - assim como porta-objetos espalhados por todos os lados, inclusive no teto.

Mas uma dúvida paira no ar. Por que a Fiat não leva também para o Doblò o E.TorQ 1.6 16V, oferecendo ao consumidor opção intermediária entre o 1.4 e o 1.8 16V com preço mais atraente?


Família Palio evolui com motor 1.6 16V
Antes que o Palio pudesse ser considerado carta fora do baralho por conta da chegada do novo Uno, a Fiat, em decisão acertada, renovou o fôlego do hatch presenteando-o com novo motor E.TorQ 1.6 16V Flex na versão 2011 Essence, que parte de R$ 38.360.

O propulsor, que gera 117 cv de potência a 5.500 rpm e torque de 16,8 mkgf a 4.500 rpm (etanol) casou bem com o Palio. Parece ter sido desenvolvido para ele, que antes andava apenas com o fraco 1.4 ou o barulhento e beberrão 1.8 8V, resultado da parceria com a General Motors.

As acelerações e retomadas agradam. Os 1.032 quilos não pesam para o bloco que roda a 120 km/h a 3.000 rpm. O câmbio pouco preciso e a suspensão voltada para o conforto (macia demais), porém, destemperam a manobrabilidade.

Por fora, a novidade fica por conta do ‘E.TorQ' estampado nos para-lamas dianteiros e na tampa do porta-malas. Por dentro, tudo igual em termos de acabamento. Destaque para os itens de série: direção hidráulica, computador de bordo, travas e vidros elétricos. Ponto negativo para o ar-condicionado, opcional não comercializado individualmente. Para tê-lo é preciso desembolsar R$ 4.701 e engolir outros itens, como rodas de liga leve.

SIENA
Assim como o Palio, o Siena ganhou motor E.TorQ 1.6 16V. Ao avaliá-lo pela região de Joaquim Egídio (SP), escolhemos a versão Essence equipada com transmissão automatizada Dualogic, que parte de R$ 44.590.

O funcionamento do bloco agrada, assim como no hatch. É linear e com nível de ruído satisfatório. Porém, assim como o irmão - e toda a família Palio -, a suspensão macia demais acaba por desagradar aqueles que buscam condução esportiva.

O câmbio robotizado também agrada. É nítida a evolução em relação ao Dualogic que estreou em 2008 no Stilo. Os engates acontecem de forma mais suave, apesar de, nas retomadas, quando se pisa fundo no acelerador para uma ultrapassagem, por exemplo, a redução de marcha ainda seja relativamente lenta. A parceria com o motor 1.6 16V foi bem-sucedida. Ponto positivo para a Fiat.




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