Márcio Bernardes Titulo
Metamorfose ambulante

Após dias tenebrosos, Palmeiras vive tempos melhores

Especial para o Diário
16/04/2013 | 00:00
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A noite do dia 27 de março foi tenebrosa e humilhante para os palmeirenses. A goleada sofrida para o Mirassol por 6 a 2 jogou na lama o pouco de orgulho que restava aos torcedores.

Este time de tantas glórias e imensa tradição ganhou só um Paulistão e uma Copa do Brasil nos últimos dez anos. E ainda por cima (ou seria por baixo?), nos últimos tempos só tem trazido tristeza com os resultados negativos.

O rebaixamento para a Série B do Brasileiro foi a gota d'água de péssimas gestões e divisões dentro do clube. Gilson Kleina aguentou os quase 500 quilômetros que separam Mirassol de São Paulo com dignidade. Todos os comentários após a partida e na manhã seguinte indicavam que ele seria demitido. Um site, inclusive, chegou a publicar a dispensa do treinador.

Tenho confiável fonte dentro do Palmeiras que me disse, depois, que Kleina só não foi demitido após o jogo porque o presidente e José Carlos Brunoro não estavam em Mirassol.

Claro que a última palavra cabe a Paulo Nobre. Então, se creditem méritos ao máximo mandatário do Palmeiras que segurou a onda, prestigiou o treinador e não adotou a confortável medida que a maioria dos cartolas tomaria.

LEVANTADA

De lá para cá o time jogou cinco vezes. E não perdeu mais. Melhor ainda: classificou-se para a próxima fase da Libertadores, com uma rodada de antecedência. Está se dando ao luxo, de, se ganhar do Sporting Cristal, na quinta-feira, colocar-se em primeiro lugar no seu grupo.

Sorte minha que fui ao Estádio do Pacaembu na quinta-feira. Ninguém consegue explicar, por melhor que seja a comunicação, aquele ambiente de cumplicidade entre jogadores e torcedores. É difícil contar como um time limitado tecnicamente supera suas adversidades e ganha o jogo, como o Palmeiras ganhou.

O Pacaembu estava lotado e vestido de verde. Mais do que isso, viu-se um ambiente de tanto entusiasmo que a abstração impede aos ausentes, sejam palmeirenses ou não, a exata compreensão do que se passava.

Futebol é uma caixinha de surpresas, já dizia o saudoso Benjamin Wright, pai do meu amigo José Roberto. Coerentemente, sabe-se que esse time não tem tanta qualidade para chegar muito mais adiante. Mas já se falava a mesma coisa antes da Libertadores começar. E hoje o palmeirense estufa o peito e grita com toda força que seu time pode ser campeão.

RODRIGUEANO

Nelson Rodrigues disse que toda unanimidade é burra. Mas Gilson Kleina transformou-se numa agradável unanimidade burra. Ou seria inteligente? Todos no clube, dirigentes, comissão técnica, jogadores, torcedores e corneteiros, afirmam que ele é o maior responsável pela transformação radical. O Palmeiras, que era água, virou vinho.

Qual foi a atitude do treinador? Ele reuniu o grupo e falou com franqueza: os desfalques, elenco limitado, desconfiança e iminente desclassificação da Libertadores, somente poderiam ser revertidos se houvesse união, solidariedade, dedicação, empenho, luta e o espírito pregado pelo revolucionário escritor francês Alexandre Dumas: um por todos e todos por um.

Os jogadores assimilaram o alerta e colocaram o coração na ponta da chuteira. E o torcedor agradece, emocionado. 




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