Prefeito de Ribeirão Pires admite falha na fiscalização da
comissão interna sobre os gastos do Instituto Illuminatus
Presidente do instituto que geria a Saúde de Ribeirão Pires acusa a Prefeitura de dever R$ 1,8 milhão. A administração, por sua vez, denuncia rombo de R$ 4,5 milhões em função de ausência ou irregularidades em notas fiscais na prestação de contas. Em meio a esse nó, que está sendo avaliado pelo Poder Judiciário, estão erros grosseiros nos documentos que comprovariam os serviços prestados pelo Instituto Illuminatus, segundo relatório de sindicância do Paço.
A auditoria interna feita pela administração revelou notas que foram duplificadas ou falsificadas sem o menor cuidado, pagamentos efetuados sem recibo ou comprovação, empresas contratadas sem CNPJ, entre outras irregularidades (veja fac-símiles nesta página).
Na edição de ontem, o Diário revelou que o levantamento do Executivo nas contas do Illuminatus diagnosticou rombo de R$ 4,5 milhões. No epicentro do negócio estaria a anestesista licenciada da Prefeitura Renata Lin, que atuava nas quatro pontas do processo: ela era servidora, procuradora da organização (responsável pela conta bancária da ONG) que gerenciava a Saúde, diretora clínica do Hospital São Lucas (o qual a Prefeitura passou para as mãos do Illuminatos) e dona da Clínica Médica Vila Sônia e da MRF Médicos Associados – as quais receberam dinheiro do instituto, oriundo de repasses da Prefeitura.
O secretário de Saúde e Assuntos Jurídicos, Allan Frazatti, disse que ficou estarrecido com os documentos apresentados pela organização. “Tenho 14 anos de auditoria. Nunca vi um absurdo desse. São coisas aberrantes”, ressaltou.
A Prefeitura abriu sindicância para investigar o desempenho dos cinco funcionários que atuaram na comissão de gestão e avaliação do contrato da Pasta de Saúde. “O grupo falhou, mas eles estão respondendo processo administrativo. Não são pessoas ruins, mas não posso perdoar ninguém agora”, declarou o prefeito Clóvis Volpi (PV).
Ao responder um dos questionários elaborado pela comissão, o presidente do Instituto Illuminatus, Alfredo Antônio Del Nero Júnior, o Fred, admitiu que realizou pagamento para uma empresa sem CNPJ. O empresário justificou que “o preço e a qualidade pareceram suficientes para a execução dos serviços, que foi entregue a contento”. Em outra resposta, Fred afirma que pagou à empresa de Renata e de seu irmão, Lian, apesar de não haver notas fiscais.
O Illuminatus ainda teria duplicado nota, com mesma assinatura digital e mesmo número de série, o que comprovaria a adulteração do documento – a primeira nota é de R$ 91.122,23 e foi emitida em 23 de dezembro de 2010 e outro documento foi apresentado no valor de R$ 81.885,24.
Volpi analisou que o Illuminatus só percebeu que não tinha estrutura para prestar conta quando já estava prestando o serviço em Ribeirão. “Ele (Fred) começou ganancioso, achando que tinha contrato mirabolante e que era bom, mas não tinha capacidade de gestão”, avaliou.
Fred culpa Renata Lin e o seu sócio na MRF, Maurício Gonçalves Fonseca, de contratarem as empresas e não fornecerem as notas fiscais, porque eles estavam a mando de integrantes da Prefeitura. Inclusive, acusa o prefeito de pedir a metade do montante supostamente devido a ele para quitar a conta. “Como ela cobrava, não mandava nota, não mandava nada. Isso acontecia porque sabiam que iam estourar nas minhas costas”, acusou o empresário, que afirma ter dado procuração para Renata gerenciar a conta da entidade porque foi ameaçado e coagido – por lei, quem tem de provar que realizou os serviços é o instituto. Volpi nega pressão e afirma que ele foi quem sofreu ameaças por parte do empresário para pagar o que a Prefeitura não devia.
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