Setecidades Titulo Educação
Escola de São Caetano reprova 56,4%

O índice da EE Maria Trujilo Torloni é o mais alto da região;
faltam estrutura, material didático e interesse dos estudantes

Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
23/05/2012 | 07:00
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Mais da metade dos alunos matriculados no Ensino Médio no ano passado na EE Maria Trujilo Torloni, em São Caetano, cursava a mesma série estudada em 2010. A escola detém a maior taxa de reprovação do Grande ABC - 56,4% - entre 334 unidades, sendo 222 estaduais, avaliadas pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) com base nos dados do Censo 2011.

Seja por desinteresse dos estudantes, falta de infraestrutura e material didático ou despreparo dos professores, segundo especialistas, as escolas que mais reprovam na região têm problemas semelhantes. O baixo desempenho no Idesp (Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo), é exemplo. A média dessas unidades é de 1,46 (em escala que vai de zero a 10), inferior à do Grande ABC, que é de 1,78.

Na EE Maria Trujilo Torloni não é difícil encontrar estudantes que já repetiram o ano. Exemplo disso é Stella Baron, 18 anos, que cursa o 3º ano do Ensino Médio pela segunda vez. "Já reprovei o 2º ano também", revela. Ela confessa que há desinteresse por parte dos alunos, mas aponta o fato de a sala de informática e a biblioteca estarem inacessíveis por falta de funcionários como fator colaborador para o problema.

A segunda maior taxa de repetição no Ensino Médio entre as sete cidades está em Santo André. A EE Professor Waldomiro Guimarães apresentou índice de 41,7%. Por lá, a situação é parecida. Alunos destacam problemas estruturais, como vidros e portas quebrados, além de existência de pombos e ratos. "Muita gente que estuda à noite precisa trabalhar e, por isso, não acompanha o ensino", diz a aluna de 16 anos.

Para a coordenadora da subsede São Caetano da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), Vera Lucia Zirnberger, o alto índice de reprovação mostra que o método de progressão continuada (que elimina a repetência durante o Ensino Fundamental) não funciona. "O Estado não tem preocupação com o aprendizado", considera. Outro fator destacado em São Caetano é a forte presença de estudantes de cidades vizinhas.

Na visão do coordenador da subsede Santo André da Apeoesp, Alexandre Ferraz, a inserção do jovem no mercado de trabalho colabora para a alta taxa de reprovação. "A precariedade das escolas, a carência econômica dos estudantes e falta de estímulo também atrapalham."

ESTADO
A Secretaria Estadual da Educação informou que a EE Maria Trujilo Torloni passa por reforma geral desde novembro - investimento de R$ 225 mil - com conclusão prevista para junho, quando volta a oferecer aulas de informática. Quanto à sala de leitura, o Estado diz que há dois professores para o atendimento.

A EE Professor Waldomiro Guimarães também está em reforma geral - investimento é de R$ 210 mil - até julho. Além disso, serão providenciadas a dedetização e a desinsetização do local, assim que a poda do mato for concluída, no fim do mês.

Para melhorar o Ensino Médio, o Estado apontou a criação da Rede Ensino Médio Técnico, novos modelos de recuperação, revisão do material pedagógico e formação de professores.




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