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S.Caetano investe pouco em orfanatos
Por Adriana Ferraz
Do Diário do Grande ABC
13/04/2008 | 07:00
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Nos últimos três anos, o investimento da Prefeitura de São Caetano em repasse de verba para sociedades amigos de bairro cresceu 37,5%, percentual que não aumentou na mesma proporção para abrigos que acolhem menores de idade, como o Lar Escola Irmão Alexandre. O mesmo cálculo revela que as três entidades responsáveis pelo trabalho na cidade registraram um aumento de 20%, de 2006 a 2008.

Nas três listas do período, duas das quatro sociedades de bairro do município recebem mais dinheiro do que o Lar Luz do Amanhã, responsável pelo atendimento de dez crianças. Este ano, por exemplo, os grupos da Vila Boqueirão e Olímpico, recebem R$ 8.000 e R$ 15.000, respectivamente, enquanto o orfanato Lar Luz do Amanhã recebe R$ 7.000.

As contribuições municipais são conhecidas por subvenções sociais. O custo é aprovado pela Câmara dos Vereadores juntamente com o Orçamento municipal. Ao longo do ano, os valores são repassados aos responsáveis pelas instituições, que devem prestar contas de suas atividades.

Na última semana, o Diário foi conferir o trabalho das quatro sociedades amigos de bairro, que juntas somam R$ 33 mil em subvenções na lista deste ano. Os representantes do bairro Olímpico são os mais contemplados, mas a sede do grupo não tem sequer telefone ou funcionário próprios. Entre as atividades desenvolvidas estão ioga e ginástica.

Na Vila Boqueirão, a situação é crítica. A sede está abandonada e, segundo vizinhos, a entidade oferece apenas aulas de capoeira aos sábados. O presidente Celso Buchi alega que o espaço precisa de reformas. “Um dia, parte do teto caiu quando estava aqui com as crianças. Não posso colocá-las em risco. Quero negociar uma restauração com a Prefeitura”, diz.

As representantes dos bairros Fundação e Nova Gerty ganham menos. A primeira recebe R$ 4.000 e oferece pintura, dança de salão e ioga aos associados. O grupo não conta com sede própria, funciona no salão paroquial da Igreja Matriz e usa o dinheiro municipal para pequenos reparos e encaminhamentos de pedidos de moradores.

A segunda, na Rua Visconde de Inhaúma, tem repasse de R$ 6.000 e usa o dinheiro para manter a sede. De acordo com o presidente Jurandir Lacerda, não há atividades no local atualmente. O espaço só abre por causa do bar, que vende bebidas alcoólicas para qualquer pessoa, associada ou não.

“O bar é o que nos mantém. A ajuda da Prefeitura é boa, mas não é suficiente. Gostaria de mudar as coisas por aqui, mas precisamos de mais colaboração. Tenho projetos, só não consigo colocar em prática”, afirma. Enquanto isso, os freqüentadores usam o salão para jogar dominó e beber cerveja.

Na contramão, os orfanatos lutam para conseguir patrocinadores que ajudem a sustentar crianças e adolescentes em situação de risco. A presidente do Lar Luz do Amanhã, Maria da Conceição Gonçalves Filho, revela que a subvenção de R$ 7.000 só paga 15 dias de trabalho no ano. “Tínhamos de receber mais, pelo menos o dobro.”



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