A disputa pelas duas vagas de acesso ao grupo 1 do Carnaval de Diadema deve ser apertadíssima. Três escolas estão no páreo. Unidos do Santa Cruz e Mocidade Independente do Jardim Inamar levantaram a galera que foi até a Ulisses Guimarães assistir aos desfiles. A Unidos da Vila conseguiu o mesmo feito. A escola deu um show à parte, com alas coreografadas e uma bateria impecável.

Os ritmistas foram o destaque nesse segundo dia de desfiles. Quase todas as escolas apostaram em paradinhas – charme praticamente esquecido no Grupo 1. Na Unidos, a quebra na harmonia simulou o batuque dos tambores de um navio negreiro. Tudo a ver com o enredo que a escola levou para avenida, sobre abolição da escravatura. Outro destaque da escola foi o número de componentes: 325, o maior pelotão do grupo 2.

Mas por pouco um imprevisto não azeda a festa da Unidos da Vila. O último carro alegórico da escola – que levou três veículos para a avenida, um a mais que o mínimo exigido pelo regulamento – ficou preso em um fio que cruzava a Ulisses Guimarães. A organização bem que tentou erguer o cabo, mas parte da alegoria se quebrou na confusão. Apesar de tudo, segundo os fiscais, a escola não deve perder pontos pelo incidente.

Se a Unidos escapou da punição, a Tradição Centro-Sul começa no vermelho a contagem de pontos na apuração nesta terça-feira. A escola foi a primeira a desfilar no domingo. Entrou com 45 minutos de atraso na avenida e 130 componentes, 20 a menos que o mínimo exigido. O desfalque atingiu em cheio a ala das baianas, que entrou em cena com apenas cinco passistas – o mínimo é 12. A bateria da escola também veio enxuta e sem o cavaquinho, que dá vida à cozinha da bateria. Para complicar ainda mais, os dois carros alegóricos da escola não chegaram a tempo na Ulisses Guimarães e também ficaram de fora.

Para compensar o atraso, a escola correu na avenida. O desfile-relâmpago durou cerca de 30 minutos. O passo apertado comprometeu a harmonia da escola e buracos foram sendo abertos durante a evolução. Mas nem tudo foram lágrimas na Centro-Sul. As fantasias da escola estavam bem cortadas e a letra do samba da escola, sobre a evolução da comunicação, tinha um refrão grudento, que logo ganhou a boca da galera: “alô, alô, pode aplaudir; chegou a tradição; a Centro Sul é alegria; e mora no meu coração”. Na dispersão, o desabafo. Quitéria da Silva, mulher do presidente João Celso, tentava entender a golpes de soluço, o que havia provocado os desfalques na escola.

O desfile da Fantasia e Realidade também teve problemas. Os dois carros alegóricos da escola quebraram e não entraram na avenida, o que deve custar pontos na apuração. No mais, a escola com sede no Jardim Tijuco foi bem, com um samba sobre a origem da humanidade, visto sob a ótica da tradição yorubá. Nas alas, não faltaram orixás. Oxum, Iansan, Ogum, Xangô, Oxossi e Yemanjá marcaram presença na fantasia dos foliões.

Os temas que levantaram a arquibancada foram aqueles que, independentemente da crença, estão arraigados na cultura brasileira: o futebol, levado na avenida pela Mocidade Independente Jardim Inamar; e o folclore, discutido pela Santa Cruz. As escolas descorreram sobre os temas com originalidade. Destaque para comissão de frente da Santa, que representou uma quadrilha caipira, e para o mestre Marcelo Buiu, que deu um show à frente da bateria da escola.

Duas escolas que iriam estrear no Carnaval de Diadema,  a Estação do Samba de Eldorado e a Acadêmicos da Liberdade, não terminaram o samba a tempo e não desfilaram.

Mudança – A apuração do Carnaval de Diadema não será mais no ginásio Mané Garrincha. Durante o desfile das escolas do Grupo 2, no domingo, a organização anunciou que a contagem de notas foi transferida para o poliesportivo do Jardim Canhema. Com problemas em seu telhado, o Mané continua interditado. Semana passada, um operário se feriu gravemente quando fazia o reparo.

Apuração
Nesta terça-feira, às 14h
Local: Poliesportivo João do Pulo

rua El Salvador, 41, Jardim Canhema