Setecidades Titulo Veículos abandonados
Dois carros são retirados das ruas por dia

Prefeituras de cinco cidades recolheram 424 veículos abandonados entre janeiro e agosto

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
08/10/2018 | 06:59
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Claudinei Plaza/DGABC


 As prefeituras de Santo André, São Bernardo, São Caetano, Mauá e Ribeirão Pires recolheram, entre janeiro e agosto deste ano, 424 carros que foram abandonados nas ruas. A média é de dois casos por dia. O número representa queda de 17,8% comparado com as ocorrências do mesmo período no ano passado, quando foram levados aos pátios municipais 205 veículos. Diadema e Rio Grande da Serra não responderam até o fechamento desta edição.

Gestor do curso de Arquitetura e Urbanismo da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) e especialista em Planejamento Urbano, Enio Moro ressalta que o abandono de veículos não é um problema exclusivo do Grande ABC ou do Brasil e afeta diversas cidades e países em todo o mundo. Para ele, medidas mais rígidas por parte das prefeituras e a adoção de política regional são os caminhos mais indicados para atacar o problema.

Moro explica que são muitos os motivos que levam o proprietário a abandonar um bem tão valioso quanto um carro, além dos casos de furtos e roubos em que as placas são retiradas e, assim, não é possível identificar o dono. “Ocorre, muitas vezes, com carros antigos, importados, quando não é mais possível encontrar peças de reposição ou a manutenção se tornou muito cara”, cita. A crise econômica também tem impactado. “Famílias com dívidas de prestações, que vivem a iminência de perder o bem, preferem abandonar os automóveis”, completa.

Sobre a atuação das administrações no enfrentamento ao problema, Moro relata que, no geral, se limita ao recolhimento e armazenamento dos veículos em pátios, o que por si só já representa problema, “por se tratarem de grandes áreas onde poderiam existir parques, moradias, ou outros usos que servissem melhor à comunidade”. Para o gestor, o investimento em tecnologia e a colocação de chips nos veículos identificados como abandonados poderiam evitar o transporte ao pátio. “Modernização nos trâmites de leilões, que atualmente acontecem com intervalos muito longos, poderia dar soluções mais rápidas”, cita.

O especialista afirma que os proprietários dos veículos deveriam ser responsabilizados não apenas com o pagamento de eventuais taxas de pátio e guincho, como também multas e pontuação na CNH (Carteira Nacional de Habilitação). “As gestões ainda são muito benevolentes com esta questão”, conclui. A adoção de logística reversa por parte dos fabricantes de automóveis também é citada pelo gestor como medida de extrema importância. A PNRS (Política Nacional de Resíduos Sólidos), sancionada em 2010, prevê que cada segmento industrial providencie a destinação correta dos produtos, mas poucos segmentos contam com acordos setoriais.

Municípios cobram taxas de guincho e diárias dos pátios

As cidades da região não aplicam multas aos proprietários que abandonam seus carros em vias públicas. São cobradas taxas como guincho, remoção e diárias do pátio, caso o proprietário vá retirar o bem. Santo André considera como abandonado o veículo estacionado no mesmo local há mais de cinco dias. Denúncias podem ser feitas pelo 0800-0191944.

São Bernardo contabiliza o carro abandonado com base em análises de acúmulo de sujeira, pneus vazios, vidros abertos ou quebrados, entre outros. Após 60 dias nos pátios, os veículos podem ir a leilão. Pelo site vcsbc.saobernardo.sp.gov.br ou por meio do aplicativo VcSBC podem ser feitas denúncias. Mauá considera abandono após 24 horas, fixa adesivo no automóvel e aguarda 15 dias antes de guinchar o veículo. O prazo para retirada antes de leilão é de 90 dias.

Em São Caetano, os veículos são considerados abandonados após 30 dias no mesmo local. Não existe prazo para retomada pelo dono. Denúncias podem ser feitas pelo 156, pelo telefone 4221-1622, ou pelo e-mail semob@saocaetanodosul.sp.gov.br. Ribeirão Pires classifica como abandonado o carro parado há mais de dez dias. O prazo para retirada antes de leilão é de 90 dias. Denúncias podem ser feitas pelo telefone 4825-5123. O índice de recuperação dos automóveis em todas as cidades é inferior a 3%.




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