Política Titulo Diadema
Lauro manobra para reajustar próprio salário

Prefeito de Diadema tenta convencer vereadores a aplicar aumento dado ao funcionalismo à classe política

Por Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
15/06/2018 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


O prefeito de Diadema, Lauro Michels (PV), tentou inserir, na esteira da votação do reajuste aos salários dos servidores, aumento aos vencimentos dele mesmo, do vice, Márcio da Farmácia (Podemos), e dos secretários municipais. O objetivo era aplicar os 7,02% concedidos ao funcionalismo para a classe política, em impacto de R$ 212,7 mil ao ano aos cofres públicos.

Atualmente, o chefe do Executivo recebe R$ 20.853,83, o vice tem direito a R$ 10.426,92 e os titulares das 21 Pastas (incluindo as autarquias), R$ 10.533,25. A aplicação do percentual indica que Lauro passaria a ganhar R$ 22.317,77, enquanto Márcio obteria R$ 11.158,88 e os secretários, R$ 11.272,68.

A ideia foi levada ontem aos vereadores momentos antes da sessão. Projeto de lei chegou a ser desenhado, conforme relatos de alguns parlamentares ouvidos pelo Diário, mas o objetivo do governo era uma votação unânime, para evitar uso político de quem fosse contrário à majoração nos subsídios dos agentes políticos. O consenso, entretanto, não vingou.

Articuladores do Paço argumentaram que a alta nos vencimentos do prefeito tem como efeito prático valorizar categorias de profissionais que, na visão da Prefeitura, estão com salários defasados – como médicos e procuradores – por conta do teto salarial. Pela LOM (Lei Orgânica do Município), ninguém do Executivo pode ganhar mais que o prefeito. A mesma LOM permite que os contracheques dos agentes políticos sejam acrescidos no mesmo índice concedido ao funcionalismo.

Segundo o Diário apurou, a gestão Lauro dispunha de votos necessários para aprovação do reajuste no vácuo da análise do aumento salarial aos servidores, ajustado com o Sindema (Sindicato dos Servidores Públicos de Diadema) no fim de maio – o percentual será dado em duas parcelas. Entretanto, alguns parlamentares da base mostraram insegurança com repercussão negativa e não deram certeza do voto no plenário.

“É uma contradição muito grande. Quando foi discutida a possibilidade de reajuste para os servidores, ouvimos do governo argumentos da dificuldade financeira do município. Não ouvi nenhum argumento neste sentido quando foi proposto reajustar o subsídio do prefeito, do vice e dos secretários”, disparou o vereador Josa Queiroz (PT), dizendo que a bancada do PT se mostrou contrária à medida. “Outro ponto que é engraçado é que o prefeito, na campanha de 2016, se gabou de não aplicar o reajuste aos comissionados. Será que a visão do prefeito muda conforme os processos eleitorais?”

O assunto, porém, continuará no Legislativo. Isso porque governo e base de sustentação negociam a possibilidade de votação de pacote de reajuste, incluindo os salários do prefeito, do vice, de secretário e dos vereadores. Atualmente, cada parlamentar ganha R$ 7.989,42 e a aplicação de majoração de 7,02% elevará os ganhos para R$ 8.550,28. O impacto na alta dos subsídios dos 21 vereadores será de R$ 141.336,04 ao ano. 




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