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Perto de cair à Série D, Portuguesa trabalha com torcedores para renascer na base
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11/09/2016 | 06:00
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A Portuguesa-SP pode escrever neste domingo um triste capítulo em seus 96 anos de existência com o rebaixamento para a Série D do Campeonato Brasileiro - a quarta divisão nacional. A equipe torce por derrota do Macaé-RJ contra o Juventude-RS, às 11h30, em Caxias do Sul (RS), e depois tem de vencer o Guaratinguetá-SP, às 19h30, no estádio José Liberatti, em Osasco (SP) - o estádio do Canindé foi alugado para uma igreja -, para chegar na última rodada com chances matemáticas de se manter na Série C.

O rebaixamento, se consumado, seria o quarto em três anos, fundo do poço para um clube tão tradicional em São Paulo. Mas não necessariamente será o fim da linha. Afundado em dívidas por gestões ruins que levaram até ao leilão de parte da área do Canindé - marcado para 7 de novembro e que o departamento jurídico busca impugnar -, a Portuguesa, enquanto sonha com um mecenas, vê esperança de alcançar o renascimento com o trabalho de um grupo de torcedores nas categorias de base, que historicamente sempre revelou garotos.

Apaixonados pelo clube, eles assumiram o controle do departamento em fevereiro. O cenário era de terra arrasada. "Não existia nem sequer controle com o nome dos jogadores que eram da Portuguesa, nenhuma ficha, nada", comentou Cássio Esteves, coordenador administrativo da base.

Além de Cássio, o grupo, que não recebe salários, conta com Ricardo Alonso, Virgilio Cesar, Marco Aurélio Amaro e Rodrigo Eduardo Gonçalves. O único remunerado é Eduardo Gomes, que atua como supervisor técnico. O mentor é o pai de Cássio, Toninho, que era diretor da base quando Dener foi revelado. "É pelo amor", comentou Cássio. "O nosso retorno é ver a Portuguesa no lugar que ela merece. Temos o nosso sustento, não vivemos disso", completou.

No pente-fino realizado em fevereiro, o grupo limou jogadores que não eram 100% do clube. "Acabamos também com qualquer esquema de empresário", disse Cássio, antes de explicar a situação. "Não brigamos com os empresários, eles podem trazer os atletas para cá. Se for bom, fica, mas ficamos com 100% dos contratos e direitos".

Com pouca participação da Portuguesa, que arca apenas com transporte, taxas da Federação Paulista de Futebol (FPF) e salários das comissões técnicas, o custo mensal é de R$ 50 mil. Atualmente são 90 meninos nas categorias Sub-15, Sub-17 e Sub-20. A maioria é de São Paulo, já que os custos para alojamento são proibitivos. Os atletas estudam em escola pública. A alimentação, em grande parte, vem de doações. "Tentamos fazer os garotos gostarem de jogar aqui, terem amor pela Portuguesa", disse Ricardo Alonso.

O trabalho é árduo, mas já dá resultado. Um garoto despertou o interesse do Internacional, faz teste em Porto Alegre nesta semana e pode gerar um ganho financeiro. "Vamos ficar com uma parte se der certo", comentou Cássio. Em campo, segundo o coordenador, o retorno pode vir já em 2017. "Com uma espinha dorsal experiente, os garotos têm condições de ir bem na Série A2 do Paulista e em uma eventual Série D".

O presente, ao que tudo indica, será marcado por mais um rebaixamento, mas ainda há esperança de um futuro melhor no Canindé.

BICHO - O elenco da Portuguesa terá um incentivo financeiro para evitar o rebaixamento à Série D. O procedimento foi adotado pela diretoria com ajuda de parceiros há quatro rodadas, mas, desde então, o time ainda não venceu. Agora não há mais espaço para tropeço. A equipe precisa bater o Guaratinguetá e torcer contra o Macaé para chegar na última rodada, quando encara o Tombense-MG, fora de casa, em condições de continuar na Série C.

Os jogadores estão preocupados com o comportamento da torcida em caso de mais um rebaixamento. Por isso, conversaram bastante nesta semana, quando o elenco fez treinamentos fechados. "Tenho certeza que uma vitória vai mudar o nosso astral para o último jogo", comentou o técnico Márcio Ribeiro, que assumiu o comando do time há duas jornadas, no lugar de Jorginho.

Até aqui, porém, a Portuguesa faz campanha pífia. São apenas três vitórias em 16 apresentações, com dois empates e 11 derrotas. O último triunfo foi contra o Mogi Mirim, em 30 de julho. A equipe marcou somente 10 gols e tem o pior ataque da competição.




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