Economia Titulo Combustíveis
Hipermercados cobram 11% menos pelo etanol

Ipiranga afirma que não há interferência
nos valores praticados pelos revendedores

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
04/06/2016 | 07:00
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Claudinei Plaza/DGABC:


Atualizada em 7 de junho de 2016, às 11h39

Levantamento feito pelo Diário com base em dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) mostra que o preço do etanol cobrado nos hipermercados da região é cerca de 11,2% mais barato do que nos postos de rua. Essa diferença também ocorre com a gasolina, mas em grau menor: aproximadamente 9,8%.

A média verificada nos estabelecimentos de rua é de R$ 2,24 para o etanol e R$ 3,30 para a gasolina. Nos hipermercados, o álcool sai por R$ 1,99 e a gasolina, por R$ 2,98.

Para o presidente do Regran (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo), Wagner de Souza, a disparidade no preço do gasolina se dá pela margem de lucro: nos hipermercados, como a quantidade de combustível vendida é muito elevada, os empresários conseguem reduzir a margem de lucro para aumentar a competitividade em relação aos demais.

Entretanto, Souza avalia que chama atenção a diferença no preço do etanol. Isso porque, segundo ele, o álcool é vendido aos postos a R$ 2,04 pelas distribuidoras. “Porém, tem hipermercado vendendo a R$ 1,94. Então, ou as empresas estão vendendo mais barato para eles, ou estão tendo prejuízo, o que acho muito difícil”, comenta.

Caso as distribuidoras realmente estejam aplicando tarifas inferiores aos hipermercados, Souza considera a prática como concorrência desleal. Ele irá procurar as três maiores empresas do setor (Ipiranga, BR e Shell) para que expliquem o porquê dessa diferença. “Não dá para ficar assim. Estou pagando R$ 2,04 no etanol e os hipermercados vendendo a R$ 1,94. Desse jeito, vou colocar meu caminhão-tanque no mercado e enchê-lo lá mesmo”, ironiza o presidente.

A Ipiranga afirma que os preços de venda praticados pelos revendedores são livres e que não interfere nos valores. A BR Distribuidora respondeu que quem se manifestaria sobre o assunto seria o Sindicom (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes). A entidade, por sua vez, garantiu que “não possui qualquer ingerência sobre os preços praticados pelos postos revendedores”. “Além disso, cada distribuidora tem a sua política comercial e decide o preço que vai praticar. Essas informações são restritas à área comercial de cada empresa”, acrescentou, em nota. Já a Raízen (joint-venture entre a Shell e a Cosan) informou que não comenta sobre preços.  

A ANP também reiterou que “não há qualquer tipo de tabelamento de preços nem fixação de valores máximos e mínimos ou exigência de autorização oficial prévia para reajustes de preços dos combustíveis em qualquer etapa da comercialização”. A agência informa que as denúncias sobre tarifas abusivas devem ser encaminhadas ao Procon e ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). 




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