Cultura & Lazer Titulo
Super fiasco
Cássio Gomes Neves
Do Diário do Grande ABC
04/07/2006 | 08:59
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Tudo indicava que, se fosse para o Super-homem dar as caras no cinema uma quinta vez pelas mãos e pelo dinheiro da Warner Bros., isso só ocorreria nas salas de exibição de Krypton, seu planeta natal, tamanha era a vagareza aqui na Terra para tirar um novo filme do papel. Anos depois, finalmente Superman – O Retorno, o tão esperado filme, estreou nos Estados Unidos (o lançamento no Brasil está previsto para o próximo dia 14). Entretanto, financeiramente, ainda não fez aquele barulho todo que calculavam os produtores.

Durante cinco dias em cartaz (de 28 de junho a 2 de julho), arrecadou US$ 84,2 milhões (R$ 182,7 milhões). Antes de seu lançamento, falava-se em quebra de recordes em bilheteria. Por enquanto, o único recorde quebrado a celebrar é o de ser o filme na história da Warner a estrear em mais salas (4.065). Dinheiro que é bom, só no orçamento, estimado em US$ 209 milhões (R$ 453,5 milhões). Este sim um número recordista de fato, já que coloca Superman – O Retorno no topo do pódio de produções mais caras de todos os tempos (sem levar em conta correções monetárias).

A expectativa era tanta com relação ao novo filme do Homem de Aço, dirigido pelo mesmo Bryan Singer dos dois primeiros X-Men e estrelado pelo desconhecido Brandon Routh e por Kevin Spacey (Beleza Americana), que sua estréia foi programada para o feriado de 4 de julho (dia da independência norte-americana), a mais valorizada data do ano para lançamentos cinematográficos por lá. Em cinco dias de exibição no fim de semana prolongado, não conseguiu arrecadar o que ganhou o Guerra dos Mundos de Spielberg, no período correspondente em 2005 (US$ 100,5 milhões). Nem convém colocá-lo em parelha com o maior arrecadador do 4 de julho da história, Homem-Aranha 2, que em seus primeiros cinco dias de cartaz, em 2004, embolsou US$ 152,4 milhões.

Criptonita pouca é bobagem. Para piorar o desempenho financeiro do quinto Superman, está previsto para a próxima sexta-feira o lançamento nos Estados Unidos de Piratas do Caribe – O Baú da Morte, seqüência do filme de Gore Verbinski estrelado por Johnny Depp e que deve roubar a cena (sem contar um bom punhado de dólares) no próximo fim de semana.

Superman – O Retorno é um filme que gerou alta ansiedade entre cinéfilos e fãs que não viam o personagem na tela desde 1987, ano da estréia do patético Superman IV – Em Busca da Paz, último filme a ter Christopher Reeve (1952-2004) como usuário do figurino azul-vermelho colante. Desde então, falou-se muito numa seqüência. Os mais inesperados nomes foram cogitados para ressuscitar na telona o personagem, criado em 1938 para os quadrinhos da DC Comics, pela dupla Jerry Siegel e Joe Shuster. Entre os diretores, desfilou pelos tablóides e pelos escritórios da Warner gente como Brett Ratner (X-Men 3), Tim Burton (A Fantástica Fábrica de Chocolate), J.J. Abrahams (Missão: Impossível III), McG (As Panteras), Michael Bay (A Ilha) e até Robert Rodriguez (Sin City). Para o sucessor de Reeve, o mesmo furor especulativo: de Brendan Fraser (A Múmia), Ashton Kutcher (Efeito Borboleta) e Paul Walker (Velozes e Furiosos) até Jim Caviezel (A Paixão de Cristo). Isso sem contar a autopromoção ensaiada por Nicolas Cage.

No fim das contas, ficaram o diretor Synger e o ator Routh, que teve a seu favor o semblante parecido ao de Reeve. Juntos, criam em Superman – O Retorno um debate em torno da necessidade do ícone heróico e um discurso de tolerância ao estrangeiro (afinal, o protagonista é um alienígena). E não dá para ignorar também as referências ao mito cristão salpicadas no enredo e que têm sido objeto de diversas interpretações mundo afora. É filme a ser visto, embora, a exemplo de boa parte dos terráqueos que no longa de Synger parecem não dar a mínima para a volta do herói após um longo exílio no espaço sideral, os espectadores de cinema parecem relativamente indiferentes a Superman.



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