O ilustrador francês Hervé Bourhis é um aficionado pela mistura de guitarra, baixo, bateria e, claro rebeldia. Em 2007, lançou O Pequeno Livro do Rock, em que destrincha, com olhar muito bem-humorado, cada etapa do gênero musical (no Brasil, chegou no ano passado). Ainda seguindo essa linha, está disponível no País, pela Editora Conrad, O Pequeno Livro dos Beatles (R$ 44,90), que recria em quadrinhos a trajetória de John Lennon (1940-1980), Paul McCartney, George Harrison (1943-2001) e Ringo Starr.
Além de ser divertida leitura rápida - inclusive para quem torce o nariz para os FabFour - , o livro se diferencia das outras biografias por não negligenciar os demais personagens ao redor da história da banda. É por isso que até os Hell's Angels que tentaram invadir os estúdios da Apple em 1968 ganharam um quadrinho.
Além disso, com o know-how adquirido na confecção do Pequeno Livro do Rock, o desenhista também situa a banda em meio ao efervescente período em que o grupo foi ativo - de 1960 a 1970. Descreve, por exemplo, a noite em que Jimi Hendrix tocou Sgt Pepper's Lonely Hearts Club Band, faixa do disco homônimo, em um show no Saville Theatre, na Inglaterra. Era 1967 e o quarteto, acomodado na plateia, ficou encantado.
Essa visão é outro ponto totalmente bem-vindo na obra: muitos biógrafos, embasbacados com a trama de cada beatle, os isolam dos demais acontecimentos e, sobretudo, de outros roqueiros. Perspectiva que podia deixar a história bastante enfadonha.
Bourhis recria em seu traço a arte da capa de cada álbum e single lançado. Reproduz também imagens memoráveis assinadas por gente como Richard Avedon, por exemplo.
O autor também reservou espaço para os projetos individuais dos músicos após a separação e até 2009. Dos Wings de McCartney nos anos 1970, passando pelo solo de Lennon e a turma de peso de Harrison nos Travelling Wilburys.