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Taboão tem serviços, lazer e sossego
Por Deborah Moreira
Do Diário do Grande ABC
13/06/2011 | 07:00
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Tiago Silva/DGABC


O bairro Taboão fica em Diadema ou São Bernardo? Acertou quem respondeu nos dois municípios do Grande ABC. No Taboão de Diadema, na parte Norte da cidade, vivem atualmente cerca de 24 mil pessoas. A proximidade com o vizinho de mesmo nome, em São Bernardo, acaba gerando confusão.

Muitos moradores desconhecem que Diadema também tem o seu Taboão. Mas não há dúvida para falar das características do bairro. Vasta área comercial, espaços verdes e de lazer, equipamentos de ginástica, esporte e Educação, Ou seja, o Taboão diademense tem de tudo um pouco.

"Não é preciso ir até o Centro para comprar o que precisamos. De cinco anos para cá, ganhamos empresas grandes de móveis, supermercado, bancos. Os imóveis estão valorizados por conta da melhoria na infraestrutura", declarou o jornaleiro Samir Brisolla, 33 anos, que há 29 mora no local e há 9 meses mantém banca de jornal no Jardim Santa Rita, sub-região do bairro Taboão, já bem próximo ao Jardim Canhema.

Taboão possui outras sub-regiões, segundo a administração pública. São elas: Jardim das Nações, Jardim ABC, Jardim Maravilha, Vila Lia, Vila Nova Santa Luzia e Jardim Takebe.

Composto em sua maior parte por casas térreas ou sobrados, se comparado ao vizinho homônimo, é um local onde há famílias de menor poder aquisitivo, vindas de regiões do nordeste do País e de cidades mineiras.

Como a doméstica Teresa Alves dos Santos, 59, vinda de Salvador (BA) há 35 anos. Na região vive há 6 com os dois filhos de 33 e 35 anos. "Gosto daqui. Quero comprar uma casa nesse lugar. Tem muitas escolas, padarias. No transporte, há opções para todos os lados", contou Teresa, que mora em frente ao Campo de Futebol ABC da Rua das Cerejeiras.

Nele, diversos times disputam campeonatos regionais. Como o Juventude, time do pintor de veículos Ivanildo Silveira, 44, o Branco. "Aqui a gente organiza os jogos, deixa tudo marcado. Não tem confusão", esclareceu Ivanildo.

Bem próximo ao campo, há o Parque Vereador Antonio de Lucca Filho, ou Parque Takebe como é mais conhecido. Localizado na Rua Yokohama, está aberto das 6h às 18h, de segunda-feira a domingo. O estilo japonês do local é um registro da presença forte da imigração japonesa no município. Há playground, quadra, trilhas e um lago. "A gente vem aqui para tirar fotos porque a paisagem foge da realidade cinza do restante", declarou o estudante Marcio Higinio, 18.

"Estamos muito bem localizados, no alto. Não há enchentes, o clima é agradável e temos muitas opções de transporte, inclusive trólebus, que fica há 1.000 metros daqui", detalhou o ex-jogador de futebol Gilmar Miliato, 49.

População se sente mais segura depois da Lei Seca

Um bairro mais tranquilo e melhor para se viver. É o que muitos dizem do Taboão. Isso só foi possível com a aplicação de política de segurança pública rigorosa em 2002, a Lei Seca, que estabeleceu o fechamento de milhares de bares espalhados pela cidade às 23h.

De lá para cá, deixou de ser a cidade mais violenta do Estado e os moradores foram reconquistando seu lugar nos espaços públicos. "Melhorou muito nossa situação. Agora a gente tem vontade de sair e curtir o bairro. Antes, saía para trabalhar às 4h, com medo. Só na minha rua lembro de três mortes bem próximas naquela época", recordou Luciana Rachid, 30 anos, moradora do Jardim Santa Rita. Ela é uma das frequentadoras do programa Escola da Família na EE Mércia Artimos Maron, que sempre abre os portões aos sábados e domingos, onde sua filha de 10 anos estuda.

"Ainda precisamos de mais segurança. Mas qual bairro não precisa? Quanto mais melhor. Mas agora saímos sem medo", completou a vizinha de Luciana, Maria das Graças Gonçalves, 60, que mora há 25 anos no bairro.

O 3º DP (Distrito Polícia) do município fica localizado na Avenida Dom João VI.

Bem próximo da delegacia está o Centro Cultural Taboão (Avenida Dom João VI, 1.393), onde há aulas de Capoeira.

Na área da Saúde há as unidades básicas de Saúde do Jardim ABC (Rua das Macieiras, 124) e Nações (Rua Itália, 249).

Na Educação, são cinco escolas municipais e três estaduais (Professor Oswaldo Lacerda Gomes, Reverendo Atael Fernando Costa e professora Mércia Artimos Maron.

Origens datam do início do século 19

O bairro do Taboão, entre Diadema e São Bernardo, às barbas do Jardim Zoológico paulistano, é um dos mais antigos do Grande ABC, com farta documentação ao longo do século 19. No passado foi ponto de atração turística: gente de São Paulo deslocava-se até o lugar para fazer piquenique.

Economicamente, Alfredo Bernardo Leite, dono da maior parte das terras locais, manteve uma pedreira no bairro e uma fonte de água mineral descoberta numa das explosões para a extração de pedras. Outros proprietários mantinham olarias.

Antecedentes 

Em 1806, Taboão fazia parte do bairro Nossa Senhora das Mercedes, correspondente ao atual bairro da Paulicéia, em São Bernardo. Em 1849, realizava-se o inventário de Manoel Joaquim Pedroso. Em 1854, a Igreja Católica indicava 15 moradores no lugar. São registros em que aparece o termo "Taboão", segundo pesquisa do historiador Wanderley dos Santos.

A urbanização começa com a abertura e venda de lotes na Vila Santa Luzia (1924), seguida pela Vila Flórida e bairro Suíço. Vila Santa Luzia divide-se, hoje, entre Diadema e São Bernardo.

O processo inicial somente entrará numa etapa mais acelerada dos anos 1950 para frente, quando as próprias áreas loteadas iniciais passam por um processo de subloteamento.

Do Taboão de Diadema, listamos os seguintes loteamentos:

1952 - Jardim Dupont

1953 - Jardim Paineiras

1954 - Vila Nova Santa Luzia

1955 - Jardim ABC, Jardim Fraternal, Vila Lia, Jardim das Nações e Jardim Tijuco.

1957 - Jardim Santa Rita e Vila Nova Esperança.

1961 - Jardim Damasco

1962 - Vila Hortência

1963 - Jardim Maravilha

1965 - Vila Marques

1968 - Vila Tofer

1973 - Jardim Vera Lucia

1983 - Vila J. Briano de Lima

"O primeiro loteamento (Vila Santa Luzia) demorou a progredir. Também, pudera, para estudar a gente só tinha três escolas, todas distantes. A escolha era a seguinte: estudar na Água Funda ou na Vila Mariana, em São Paulo, ou no bairro dos Meninos, atual Rudge Ramos, em São Bernardo" (Jorge Duca).

Este depoimento Jorge Duca nos concedeu em 1976. Ele nasceu no bairro Taboão em 1904, lado do atual Diadema, e ali sempre morou. Hoje está sepultado no cemitério de Vila Euclides, em São Bernardo. (Ademir Medici)




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