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Jardim Silvina aguarda reurbanização
Por Deborah Moreira
Do Diário do Grande ABC
16/05/2011 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


Surgido na década de 1950 para abrigar operário vindos de diversas partes do País, o Jardim Silvina de hoje carece de reurbanização para atender melhor seus moradores, que pedem melhorias ao bairro que tanto se orgulham. A população atual é estimada em 16.385.

O prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), afirmou que, até o fim de 2012, terão sido investidos R$ 100 milhões em obras de urbanização na região do Silvina, além dos R$ 59,5 milhões que serão aplicados na construção de 532 unidades habitacionais. "Tem casas para serem removidas, ruas que precisam de recapeamento, entre outros", resumiu Marinho, durante inauguração da pavimentação da Estrada da Servidão, na quinta-feira.

Em vários pontos do bairro é possível avistar canteiros de obras. Em um deles está sendo erguido o Centro de Educação Unificado. Em outro, operários trabalham na canalização do Córrego Chrysler e recapeamento da Avenida General Barreto de Menezes, principal via do bairro.

"É preciso melhorar as vias, que têm muitos buracos. Com relação à infraestrutura, temos quase tudo. O que sentimos falta é uma área bancária que ainda não existe", declarou a coordenadora de vendas Soraia Batista, 31, que elogiou a localização. "Aqui é próximo do Centro e ao lado da Anchieta (rodovia), que me leva ao Litoral em 30 minutos", concluiu Soraia.

A dona de casa Luisa Aparecida de Souza, 44, cobrou a colocação de faixas de pedestres. "Ninguém respeita farol. Precisa fazer alguma coisa para evitar atropelamento, que de vez em quando acontecem na avenida", falou, referindo-se à General Barreto de Menezes. A dona de casa ressaltou como pontos positivos o comércio, que é bastante desenvolvido, e a feira-livre, que acontece aos domingos na Rua Dom Vasco Mascarenhas.

 

 

SOCIAL

Com objetivo de gerar trabalho e renda em comunidades carentes, o padre italiano Leo Commissari viveu na favela do Oleoduto nas décadas de 1980 e 1990. Assassinado em 1998, seu trabalho é mantido até hoje no Centro de Formação Profissional que leva seu nome e está instalado na entrada do Jardim Silvina.

Outro local onde há atividades para os moradores é o Tiro de Guerra, do Exército, onde são oferecidos caminhada e exercícios físicos para 150 idosos. As inscrições são feitas nas UBS do bairro.

"Abrimos o espaço para as atividades do Tempo de Escola (da prefeitura) e, aos sábados, temos escolinha de futebol. É um bairro em plena expansão", comentou o subtenente Wellington de Lima Bastos, comandante do Tiro de Guerra. O local ganhou recentemente nova pintura, iluminação e reforma no pátio.

 

Falta de segurança preocupa e assusta famílias

 

Moradores afirmaram que o Jardim Silvina precisa de mais segurança e que o tráfico de drogas e assaltos ao comércio assustam. Na Praça do Trabalhador Armando Ruivo, entrada do bairro, há uma base comunitária da Polícia Militar.

Para reduzir o número de ocorrências, comerciantes contratam seguranças particulares. "Comecei fazendo para um estabelecimento. Depois, outros acabaram me procurando e ampliei vigilância. Aqui, se bobear, há assaltos em plena luz do dia", disse um segurança

A cabeleireira Vanda Saturnino, 45 anos, contou que já teve seu comércio assaltado duas vezes durante o dia. Para evitar outros episódios, fecha as portas às 19h. "Apesar de tudo, gosto do bairro. Minha irmã não aguentou e foi embora no fim da década de 1980. Ela ficou traumatizada com tiroteio. O Esquerdinha confundiu um dos clientes da avícola da qual ela era proprietária e começou a atirar para todos os lados. Felizmente não matou ninguém. Mas feriu meu cunhado e o cliente", lembrou Vanda.

Ela se refere a Clidenor Ancelmo Brilhante, o Esquerdinha, apontado como um dos mais temidos justiceiros da região, que fazia segurança particular no Jardim Silvina. Ele seria responsável por pelo menos 40 mortes, a maioria adolescentes. "Aqui, todo mundo tinha medo dele, que matava mesmo", concluiu Vanda.

A Prefeitura informou que três viaturas da Guarda Municipal fazem ronda na região e monitoram a entrada e saída de alunos nas Unidades. A Polícia Militar foi procurada mas não retornou ao Diário. (Deborah Moreira)

 

Um bairro para abrigar os novos trabalhadores

 

A industrialização de São Bernardo pós-guerra coincide com a inauguração da Via Anchieta, em 1947. A estrada de rodagem atraiu multinacionais e estas grandes levas de trabalhadores. A princípio vieram famílias do interior de São Paulo, Norte do Paraná e Sul de Minas Gerais - as grandes massas de nordestinos viriam nos anos seguintes. O deslocamento populacional originou série de loteamentos urbanos ao longo da Anchieta. Entre esses aparece o Jardim Silvina.

O Jardim Silvina foi aberto em 1954 e aprovado pela Prefeitura de São Bernardo em maio 1967. Sua área original mede 405,3 mil metros quadrados, com 864 lotes de 280 metros quadrados, em média. Suas terras são extensão da vizinha Vila São José, loteamento urbano pioneiro, aberto em 1927, a princípio como bairro de recreio para atender a uma clientela de santistas no verão e temporadas de férias.

Historicamente, as terras do Silvina eram rurais e faziam parte do Sítio dos Couros, em direção ao Montanhão e hoje subdividido em vilas como a Formosa, São Bernardo Mirim, Boa Viagem, Ferrazópolis, São José e o próprio Silvina, embicando para os lados do Parque Selecta, onde até o início dos anos 1970 funcionou a Pedreira São Bernardo.

Pelas suas dimensões, o Jardim Silvina original empresta o nome a equipamentos como o Tiro de Guerra, prédio projetado no fim dos anos 1960 e cuja primeira turma é de 1970.

Do mesmo modo, ao longo da Via Anchieta, registrou-se, exatamente em 1970, a primeira ocupação de um dos morros, vizinho ao antigo Sítio Ponte Alta. O núcleo, antigamente chamado de favela, ganhou o nome de Silvina. Seguiram-se outras ocupações e a denominação generalizou-se. Esta área em morros passa por processo de reurbanização e já ganhou conjunto de apartamentos.

 

ESCOLA

Internamente, área original do Jardim Silvina serviu à construção da Escola Estadual Professora Yolanda Noronha do Nascimento. A escola substituiu antiga escolinha. Foi criada em 15-12-1961 e instalada em 1-2-1962 - com o nome de Grupo Escolar do Jardim Silvina. O atual nome foi dado pelo prefeito Lauro Gomes, decreto municipal 2543, de 16-7-1962. (Ademir Medici)




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