A família de um dos adolescentes agredidos na Vila Gilda, em Santo André, no último sábado diz que não registrou a ocorrência porque não confia na polícia. O rapaz agredido, que disse ter visto um revólver na cintura de um dos agressores, apresenta hematomas no braço, no rosto, e se queixa de dores nas costelas.

Os pais proibiram o garoto de voltar ao local. "Meu filho não é emo. Apanhou porque estava bem vestido. Ele acorda às 6h, vai trabalhar e depois vai para a escola", conta indignado o pai, um comerciante de 38 anos.

Ele foi atacado no ponto de ônibus nas imediações do Shopping ABC. "Fui salvo por uma funcionária de uma das lojas", conta a vítima. A mulher teria visto o grupo de cerca de dez pessoas batendo no menino e correu em direção, impedindo a continuidade da violência.

O menino havia chegado no local horas antes. Era para ser um passeio em família: os pais tinham ido ao cinema, e o garoto havia combinado de se encontrar com os amigos, para depois ir embora de ônibus. Ele viu quando, perto das 21h, um grupo passou a agredir adolescentes, supostamente por serem emos, e correu para dentro do shopping. Mais tarde, teve de sair. Seguiu para o ponto de ônibus e foi surpreendido.

"Não fizemos boletim de ocorrência porque não temos fé nenhuma de que a polícia fará alguma coisa", diz a mãe, uma manicure de 33 anos. Ela pediu para não ter o nome divulgado e disse que, por medo, não irá procurar a polícia nem auxiliar na investigação.

Procurada pela reportagem, a Polícia Militar reprovou a posição da família. Para a corporação, é imprescindível que a informação seja registrada e que a sociedade colabore prestando informações necessárias. Sem isso, para fins de planejamento, é como se a agressão não tivesse acontecido.

A PM afirmou que irá intensificar o policiamento na região para evitar a incidência de novas cenas de violência.

O Shopping ABC lamenta o ocorrido e reforça que o fato aconteceu do outro lado da rua e não dentro do empreendimento. Além de câmeras, o shopping possui equipe de vigilância altamente treinada, que garante a segurança dos clientes dentro do complexo.