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Vítimas de agressão não buscam apoio
Por Kelly Zucatelli
Do Diário do Grande ABC
21/07/2008 | 07:02
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Em 2007, apenas 45% das mulheres vítimas de agressão física no Grande ABC tiveram acompanhamento adequado depois de registrar a ocorrência em uma das delegacias da região. As prefeituras do Grande ABC computaram cerca de 1.094 atendimentos a essas vítimas, aquém das 2.430 ocorrências registradas nos distritos policiais.

O déficit é de 1.336 mulheres que deixaram de passar pelos programas de orientação e ajuda na recuperação dos traumas das agressões que sofreram pelos seus parceiros. Elas fizeram apenas a primeira etapa, o relato da ocorrência à policia.

A ausência do próximo passo - o acompanhamento médico - pode deixar um medo crônico e graves seqüelas psicológicas, segundo especialistas.

Os dados foram extraídos do número total de ocorrências registradas nas delegacias da mulher da região em 2007 e dos registros feitos pelas prefeituras por meio das notificações de entrada das vítimas nos hospitais de cada cidade.

As delegacias informam que assim que o boletim de ocorrência é registrado, as vítimas são orientadas a procurar o serviço municipal para passar por psicólogos, médicos e receberem orientação jurídica, mas muitas delas preferem voltar para casa com as seqüelas da violência e, com a possibilidade de novamente serem agredidas.

O trauma de contar novamente o fato e reviver a agressão faz com que muitas destas mulheres, com idade entre 20 e 50 anos, relutem em dar continuidade ao atendimento.

"Só o movimento de ir até a delegacia, com hematomas e ferimentos no corpo já é um sofrimento. Repetir essa atitude em outros locais torna-se um duplo tormento", explica a psicóloga e professora da Faculdade de Medicina do ABC Maria Regina Domingues de Azevedo. "Mas devemos salientar que as delegacias devem encaminhar essas vítimas aos serviços especializados oferecidos pelas prefeituras. Para isso, é necessário uma forte integração entre os órgãos."

O acompanhamento de enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais, entre outros profissionais, é fundamental para o restabelecimento dessas vítimas.

"Nas delegacias, os funcionários precisam tratá-las bem e, orientá-las a procurar o hospital para a realização de exames", disse a ginecologista especializada em violência da mulher da Universidade Federal de São Paulo, Roseane Mattar.

Existe um conflito de opiniões entre secretários municipais e delegados. Os administradores alegam que há falta de aproximação entre os órgãos para oferecer um atendimento mais amplo às mulheres. Já delegados dizem que as vítimas são informadas da importância de procurar o atendimento municipal, mas elas próprias não dão prosseguimento.




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