Política Titulo Santo André
Aidan irá reter os 30% de remanejamento

Montante representa margem de remanejamento que chefe do Executivo tem direito a fazer no orçamento

Por Leandro Laranjeira
Do Diário do Grande ABC
02/01/2009 | 07:01
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Antecipando-se a possíveis efeitos negativos no governo em decorrência da crise econômica mundial, o prefeito de Santo André, Aidan Ravin (PTB), afirmou ontem que irá reter 30% do orçamento da cidade (cerca de R$ 540 milhões). O montante representa a margem de remanejamento que o chefe do Executivo tem direito a fazer na peça orçamentária, cuja previsão é de aproximadamente R$ 1,8 bilhão.

"Não será corte nos recursos do município. Irei segurar estes 30%, que é uma boa margem para se trabalhar, e direcionar esse valor onde for preciso no caso de uma emergência. Paralelamente, buscaremos verbas de fora para amenizar possíveis perdas", explicou. "Como não podemos escolher assumir a Prefeitura somente quando as coisas andam bem, estamos nos preparando para enfrentar o que vem pela frente. Trata-se de uma ação preventiva. O impacto será menor porque estamos nos precavendo."

Outra medida que deve amenizar os supostos efeitos é o corte de pessoal em cargos de comissão. "Vamos enxugar a máquina não apenas na questão dos comissionados, mas também no que diz respeito a ONGs. Assim, podemos aproveitar mais os servidores de carreira e fazer com que a Prefeitura funcione de forma autônoma."

Dizendo-se "tranquilo e seguro", Aidan garantiu estar "preparado" para corresponder às expectativas da população sobre sua gestão. Reforçou o que prometeu durante a campanha, quando elegeu a Saúde "prioridade" de sua gestão. "É um setor que a população inteira reclama e há dificuldades. Por isso buscamos na área elementos que tenham fibra, vontade e coragem de enfrentar as mudanças que estão por vir. Até porque, não adianta apontar onde estão os problemas, mas não resolvê-los."

A primeira boa notícia antecipada por Aidan é que uma reunião na Secretaria Estadual de Saúde nesta semana garantiu resultados positivos para o governo municipal. "Já tive posicionamento do Estado de que receberemos forte apoio e ajuda na área da Saúde", declarou. "A minha experiência de 16 anos na rede ajudará bastante", empolgou-se.

AÇÕES INICIAIS
Aidan evitou listar as primeiras providências como prefeito. "Não posso falar que farei tal coisa sem tomar conhecimento do que realmente encontrarei pela frente", justificou. E voltou a dizer que manterá os "bons projetos" implementados pelo PT.

Emocionado nos três discursos que fez - posse na Câmara, transmissão de cargo e posse de secretários -, Aidan fez questão de deixar mensagem de incentivo aos que acompanharam o ato. "É preciso ser surdo quando alguém disser que você não pode realizar seus sonhos", emendou, lembrando das dificuldades enfrentadas durante a eleição, na qual o PT era o favorito.

Chorando, ilustrou o momento vivido atualmente com trecho do hino da cidade: "Teu formoso destino pertence, aos que lutam por um ideal."

Governista, Sargento Juliano é o novo presidente da Câmara

De líder do governo petista em 2008 a presidente da Câmara de Santo André no biênio 2009-2010. Assim como o Diário antecipou no final de novembro, o vereador Sargento Juliano (PMDB) foi eleito ontem chefe do Legislativo. A disputa pela mesa diretora foi demorada, tensa e mais conturbada do que o esperado.

De um lado, o grupo formado por PT, PSB, PV e PDT acreditava ter os onze votos necessários para impor a primeira derrota do governo eleito baseado em discussões feitas ao longo dos últimos dois meses. De outro, interlocutores do PTB (leia-se boa parte do secretariado nomeado) se esforçavam para evitar um resultado que poderia complicar a governabilidade do prefeito Aidan Ravin (PTB) na Casa.

Os petistas chegaram até a cogitar a possibilidade de apoiar um candidato do DEM (Evilasio Santana dos Santos, o Bahia), para obter maioria. Sem acordo, lançou o novato Ailton Lima (PDT).

Porém, ao final de quase cinco horas de negociações, quem comemorou foi a ala formada por PTB, PSDB, DEM, PMDB e PSL: 11 votos a 10. Ailton, eleito terceiro secretário da considerada ala governista, renunciou. "Não fui consultado."

O ex-vice-prefeito José Cicote (PSB) bateu boca com a vice-prefeita Dinah Zekcer (PTB). Visivelmente nervoso, o socialista criticava aos gritos (sem entrar em detalhes) o método usado pelo governo para conseguir a maioria, e disparava contra Francisco Alberto, o Alemão do Cruzado (PSL), que teria "traído" o grupo. Cicote não concedeu entrevista a pedido de um dirigente do PSB.

Alemão, que trabalhou pela vitória do PT na eleição à Prefeitura, negou traição. "Houve resistência quando coloquei o meu nome. Queriam outro vereador."

Tiago Nogueira (PT) minimizou a derrota. "O Aidan terá sérios problemas de governabilidade. Há uma divisão na Casa. Entramos na Casa com seis vereadores e estamos saindo com dez", comemorou.

Além de Juliano, foram eleitos para a mesa: Luiz Carlos Pinheiro, o Pinheirinho (DEM), vice-presidente; Paulinho Serra (PSDB), primeiro secretário; Alemão , segundo secretário. A terceira secretaria será assunto pós-recesso, assim como a composição das comissões.




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