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Ferreoclube reúne apaixonados por trilhos e trens
Por Camila Galvez
Do Diário do Grande ABC
31/12/2012 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


Quem olha pela primeira vez pode até achar que se trata de brinquedo, mas trenzinho elétrico é coisa séria no Ferreoclube do ABC, com sede em Santo André. São 15 sócios com 22 módulos que compõem uma das maiores maquetes do País. Os aficionados por trilhos, locomotivas, vagões e composições não hesitam em gastar, no mínimo, R$ 300 para garantir um bom kit e começar a coleção.

A maquete é o orgulho dos colecionadores da região. Cada módulo é decorado conforme o gosto do proprietário, o que garante a diversidade do trajeto depois de completo. No percurso, é possível ver cenas como a de uma escavação arqueológica, a reprodução da capela de Santa Cruz, em Rio Grande da Serra, e até mesmo um menino de bicicleta observando duas moças nuas por detrás de um muro. "É assim que funciona com um trem de verdade: a paisagem muda por onde ele passa", comenta o bancário Carlos Eduardo Stablin, 47 anos.

O ferreoclube começou na casa de Stablin, ainda em 2005. "Tinha uma maquete pequena, de 2,20m por 1,40m. Nos reuníamos na minha casa, mas cada um tinha o seu cenário. Só conversávamos sobre este tema."

Em 2008, porém, o grupo resolveu ir além e unir suas paixões em uma maquete única. A vantagem é que ela pode ser fragmentada em várias partes, que ficam sob responsabilidade de cada proprietário. Foi assim que surgiu a peça modular e, oficialmente, nasceu o ferreoclube.

INFÂNCIA

Para alguns dos integrantes, o trem é herança familiar e relembra a infância. "Tenho ferrugem no sangue", brinca o contador Fábio Dias Bolzan, 44. O tio dele por parte de pai era maquinista e os primos, aos 5, tinham trenzinhos que dividiam com ele. "Já adolescente, quando comecei a trabalhar, o meu primeiro salário foi para comprar trens de brinquedo."

A tia de outro integrante do grupo, o técnico em segurança Marcos Roberto da Silva, 32, morava em Mirassol, no interior de São Paulo, à beira da via férrea. "Meu pai nasceu nos trilhos e foi assim que ele cresceu. E passou a herança para o filho, pois já nasci gostando de trem."

O participante mais idoso, o aposentado Domingos Luiz Orlando, 74, nasceu em Rio Grande da Serra e viveu sempre próximo à ferrovia. "Morava a 200 metros da estação e a vida girava em torno do trem. Meu pai tinha armazém e os clientes eram ferroviários. Minhas brincadeiras foram no pátio da estação."

Com tantas memórias, seria quase impossível não se interessar pelo ferromodelismo, que busca reproduzir nas miniaturas a riqueza de detalhes das composições reais, algumas delas, inclusive, com sons.

MODELISMO

Para o veterinário Márcio Hipólito, 58, a paixão vai além: ele não apenas gosta de comprar os modelos, mas também constrói veículos e cenários utilizando, principalmente, materiais reciclados.

É dele a criação mais regional da maquete modular do ferreoclube: uma miniatura perfeita da Estrela, composição que está enferrujada e abandonada na Vila de Paranapiacaba. A locomotiva e os carros de passageiros em verde e dourado simbolizam uma época que parece ter ficado para trás. "O Brasil deixou de valorizar o trem como meio de transporte de pessoas e, principalmente, de carga. É uma pena porque é uma opção viável economicamente, com menos impacto ambiental", avalia Stablin.

 

 

 

 




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