D+ Titulo Morte
Como encarar a morte?

Perder quem se ama é algo inevitável, só não dá para saber
quando; na adolescência, lidar com isso pode ser ainda pior

Por Bruna Gonçalves
Do Diário do Grande ABC
25/11/2012 | 07:00
Compartilhar notícia


Seri

Entender e falar sobre a morte não é fácil. No fundo a gente espera que essa hora nunca chegue. Quando acontece, seja de forma inesperada ou não, a tristeza toma conta da nossa mente e parece que não vai nos deixar tão cedo.

O luto é uma reação natural e acontece quando o vínculo com aquilo que se ama é rompido. Na adolescência, lidar com isso pode ser ainda mais complicado. "O jovem pensa que consegue tudo, que está acima de qualquer risco. Acredita que pode dominar a situação, porém, não tem cotrole sobre isso na hora da morte", explica Maria Helena Franco, coordenadora do Laboratório de Estudos sobre o Luto da PUC-SP.

A intensidade da dor da perta depende, além do vínculo, de como ocorre. "Quanto mais inesperada ou violenta for, mais difícil será a superação", explica Tânia Alves, coordenadora do Ambulatório de Luto do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas.

Foi o que aconteceu com Rafaela Guedes Deus, 16 anos, de São Bernardo. Após quatro anos, ela acredita ter superado a morte do pai, que foi assassinado na sua empresa. "Tínhamos ligação muito forte e foi difícil me reerguer. Antes pensava nele todos os dias. Só quem perdeu o pai ou mãe sabe a dor que é. Nada cura a saudade."

A garota conta que chegou a se culpar pela morte do pai. "Naquele dia, tinha me chamado para trabalhar com ele, mas não fui. Talvez nada teria acontecido se tivesse ido", conta a garota, que precisou frequentar o psicólogo durante dois anos. Não existe regra de quanto tempo tem de durar um luto. A superação depende de cada um. "O que não pode é fazer com que esse sentimento impeça de seguir a vida", ressalta Maria Helena.

Não dá para fugir, mas quem passa pela experiência de perder alguém querido tem de se esforçar para aprender muitas lições. Quem sabe, ter outra visão de mundo. Mudanças no comportamento são naturais. Rafaela ficou diferente e teve fase rebelde. "Antes achava que a vida era contos de fadas, mas vi que do nada podemos perder tudo à nossa volta. Agora sou muito mais pé no chão." Outra coisa que a garota aprendeu é viver a cada dia intensamente e sempre tentar resolver as pendências. "Se brigou com alguém é importante falar na hora, porque talvez possa não ter o amanhã", aconselha.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.

Mais Lidas

;