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Morre Zé do Caixão, aos 83 anos

Paulistano, fã de gibis e filmes, Mojica começou a filmar aos 12 anos, quando ganhou de seu pai uma câmera

Vinícius Castelli
Do Diário do Grande ABC
19/02/2020 | 23:16
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Thales Stadler/Dgabc


Um dos cineastas mais conhecidos do Brasil, José Mojica Marins, o Zé do Caixão, morreu na tarde de ontem, aos 83 anos, em São Paulo, após complicação por causa de uma broncopneumonia. A informação foi confirmada por Liz Marins, filha do diretor. Até o fechamento desta edição não havia informação sobre velório e enterro.

Paulistano, fã de gibis e filmes, Mojica começou a filmar aos 12 anos, quando ganhou de seu pai uma câmera. Ao longo da vida se dedicou à linguagem do terror no cinema e produziu obras importantes, como Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver (1967), À Meia-Noite Levarei Sua Alma (1964) – quando surgiu o personagem Zé do Caixão – e Delírios de um Anormal (1978).

Apesar da fama pelos filmes macabros, Mojica caminhou por outros temas. A Sina do Aventureiro, por exemplo, lançado em 1958, é western. Aventura e drama também foram explorados pelo diretor. Em série que conta suas tragédias e obras, Maldito – A Vida e o Cinema de José Mojica Marins, a Vila de Paranapiacaba, em Santo André, que ele utilizou como cenário para alguns de seus filmes, virou pano de fundo para contar sua história. Parte do primeiro episódio foi gravada na vila inglesa. Na história, ele foi interpretado por Mateus Nachtergaele.
Em 2015, o MIS (Museu da Imagem e do Som), em São Paulo, abriu uma mostra, À Meia-Noite Levarei Sua Alma, para contar da trajetória do importante diretor.

O cineasta da região Marcelo Felipe Sampaio conheceu Mojica em Diadema, durante um festival chamado Arterias Eletrônicas – Música e Imagem. “E ele foi um dos convidados”, recorda. Ele afirma ser grande perda para o cinema brasileiro. “Lembro das palavras do cineasta Luiz Sérgio Person (1936-1976) falando sobre o Mojica, ‘estamos diante de um gênio’. Zé do Caixão era nosso melhor do cinema no gênero terror. Colecionador de fãs famosos como o Mike Stipe (da banda norte-americana R.E.M) e o cantor Rob Zombie”, diz.

Diaulas Ullysses, cineasta de São Bernardo, encontrou com Mojica em algumas oportunidades e se lembra com carinho do paulistano. Guarda com zelo o livro da mostra sobre o diretor realizada no Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo, em 2003, e uma revista autografada de quando fez uma roda de conversa em São Bernardo.

“O que temos do legado dele é algo muito importante. Uma filmografia representativa, que conquistou não só os brasileiros como o mundo todo. Ele foi ovacionado no Festival de Sundance (em 2011, nos Estados Unidos). Foi uma loucura. Ele é aclamado no mundo inteiro”, diz.
Diaulas afirma ter Mojica como referência, não necessariamente pelo terror nos filmes, mas pela paixão pelo trabalho. Além disso, o são-bernardense reforça o fato de Mojica ter feito filmes peculiares e muitas vezes sem dinheiro público. “Um artista cinematográfico que põe a mão na massa, tem carisma grande e tem essa coisa de aglutinar essas pessoas, de fazer com que elas se sintam parte do filme.”  




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