Cinco mil funcionários da Ford decidiram em assembléia realizada às 7h, por unanimidade, que todos entrariam para trabalhar, inclusive os 2.800 funcionários demitidos às vésperas do Natal. A empresa liberou as catracas e os funcionários nao encontraram resistência. Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Luiz Marinho, a decisao da empresa de nao resistir à entrada dos funcionários na fábrica foi sábia porque evitou um confronto.

De acordo com informaçoes da assessoria de imprensa da Ford, durante o período de férias coletivas a fábrica foi redimensionada para funcionar com um único turno de trabalho e a programaçao era retomar a produçao de 500 unidades por dia com jornada semanal de 42 horas. Por enquanto, a fábrica ainda nao está produzindo.

Por isso, por volta das 11h, a empresa anunciou que vai dispensar ao meio-dia 4 mil funcionários ligados à produçao por absoluta impossibilidade de funcionar. Segundo a assessoria de imprensa da montadora, a fábrica foi redimensionada para operar com apenas um único turno. A empresa está orientando os funcionários, com exclusao dos demitidos, a voltarem nesta quarta em horário normal de trabalho, às 7h. Já o sindicato pede para que eles permaneçam até às 16h30, quando acaba o turno. Alguns ônibus já estao no pátio da empresa para esperar a saída dos metalúrgicos.

Para que os trabalhos pudessem ocorrer normalmente, mesmo com a presença de dois turnos ao mesmo tempo, cada funcionário que nao foi demitido havia assumido o compromisso de dividir seu serviço com um outro que foi dispensado. Segundo o coordenador da comissao do sindicato para a empresa, Rafael Marques, grupos deveriam se revezar de hora em hora para possibilitar que todos trabalhem. No entanto, a diretoria da Ford proibiu que as máquinas fossem ligadas e a produçao se iniciasse. Apenas algumas pequenas máquinas do setor de estamparia foram acionadas por funcionários, mesmo com o pedido contrário do gerente de produçao.

De acordo com Luiz Marinho, até o momento a empresa nao se pronunciou sobre um pedido de abertura de negociaçoes para reavaliar as demissoes. O presidente do Sindicato afirmou que segunda teve uma conversa informal com os diretores de Recursos Humanos da Ford, Carlos Augusto Marino, quando comunicou sobre a proposta dos trabalhadores de entrar na fábrica e pediu que a empresa nao oferecesse resistência e abrisse negociaçao com os trabalhares sobre as demissoes.

Segundo Marinho, o executivo da Ford afirmou que a empresa entraria em contato com o Sindicato ainda nesta terça. Cerca de 30 viaturas com 150 homens da Polícia Militar patrulharam o movimento dos trabalhadores até o final da assembléia. Os trabalhadores entraram na fábrica por volta das 7h30m. Durante o dia, o Sindicato vai fazer uma avaliaçao do movimento e amanha outra assembléia será feita pela manha. A fábrica da Ford em Sao Bernardo tem 6.800 trabalhadores dos quais 5 mil trabalham na produçao.