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Carmelitas acolhem idosas e crianças

Religiosas realizam trabalho voluntário com comunidade carente do Jardim Zaíra há 44 anos

Por Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
06/12/2011 | 07:00
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Um convento de religiosas Carmelitas com a tarefa social de acolher idosas e crianças carentes há 44 anos. Esse é o trabalho da Associação das Pequenas Irmãs de Santa Terezinha do Menino Jesus, no Jardim Zaíra, em Mauá. A entidade cuida atualmente de 20 senhoras no Asilo Lar Zaíra e atende 90 crianças na Creche Lar Santa Terezinha, tudo de forma gratuita.

Durante o dia, as "vovós", como são carinhosamente chamadas as idosas que moram no asilo, participam de atividades que auxiliam não só a manutenção da saúde, como a ginástica, mas também ações que previnem a depressão. "Fazemos dinâmicas, musicoterapia, temos diversos jogos, pintura e artesanato", comenta a coordenadora do asilo, Maria Aparecida, 42 anos. Ela está entre as oito irmãs do convento que optaram por dedicar suas vidas à caridade há 22 anos.

O asilo conta com 11 profissionais, sendo cinco enfermeiras, duas cozinheiras, duas faxineiras, uma secretária e uma assistente social. A preocupação atual é em relação ao transporte das idosas. "Precisamos urgente de um aparelho que nos ajude a transportar as vovós para o banho (custa em torno de R$ 4.000) e até o carro (custo aproximado de R$ 8.000) porque a gente não aguenta carregá-las", destaca a irmã Maria Aparecida.

Apesar de parcerias com Prefeitura e governo federal, o local depende de doações e voluntários, por isso, organiza festas e eventos para angariar recursos. "Nossa principal dificuldade é comprar remédios, porque não conseguimos pegar todos no posto de Saúde, além de produtos de limpeza e fraldas descartáveis", conta.

Todos os dias, as idosas dedicam uma hora de seu tempo para rezar o terço e aos sábados, às 10h, participam de missa na capela do asilo. As visitas acontecem sempre aos domingos, das 14h às 16h. No entanto, este não é o único momento em que as vovós encontram seus familiares, explica irmã Maria Aparecida. "Todas as vezes que elas precisam ir ao médico convocamos alguém da família para acompanhar. Apesar de ser difícil convencer os familiares a participar, esse é um momento importante de manter o vínculo familiar", destaca.

O trabalho realizado chama a atenção da população, tanto que, por dia, as irmãs chegam a receber de 15 a 20 ligações à procura de vagas. "Temos uma lista de espera com cerca de 20 idosas, mas, infelizmente, não temos vagas", conta a irmã Maria Aparecida.

CRECHE

Tendo em vista a necessidade das mães da comunidade carente do Jardim Zaíra, foi fundada a Creche Lar Santa Terezinha, há mais de 40 anos. A entidade cuida hoje de 90 crianças com idade entre 1 ano e meio e 4 anos e conta com dez profissionais para desenvolver atividades lúdicas, pedagógicas e recreativas com a criançada.

Aos 94 anos, vovó traz lição de felicidade

"Ela alegra nosso dia a dia. Quando estou pra baixo, fico ao lado dela e logo melhoro". Dessa forma é que irmã Maria Aparecida apresenta uma das vovós mais idosas do asilo, a radiante Sibila Balista, 94 anos. Viúva há 35 anos e mãe de filho único, a ex-dona de casa chegou ao Asilo Lar Zaíra há cerca de dois anos. "Fui colaboradora daqui por dez anos. Morava sozinha e adorava passear, mas num certo dia perguntei se tinha uma vaguinha aqui", brinca.

Apesar do visual vaidoso, o sorriso no rosto esconde as desilusões que a vida trouxe. "Perdi meu marido e, recentemente, meu filho e meu irmão, mas quando alguém vem me contar sobre os problemas, digo que vou ao banheiro e fujo, porque não quero saber da vida dos outros", conta, aos risos. Hoje, as alegrias da vovó Sibila são as palavras cruzadas, as peças de crochê e tricô e também assistir ao Corinthians na televisão.

Apesar da idade, o único medicamento necessário é uma vitamina para abrir apetite, revela irmã Maria Aparecida. "Ela é muito esperta e pode comer doce à vontade, porque nem diabetes tem", diz.




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