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Corrida ao dólar pode dar prejuízo, adverte Malan
Do Diário do Grande ABC
20/08/1999 | 21:30
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O ministro da Fazenda, Pedro Malan, disse nesta sexta-feira que quem está procurando proteçao no câmbio pode acabar tendo prejuízo. Para o ministro, há um excesso de pessimismo no mercado e os investidores estao tendo um "comportamento de rebanho" que nao se justifica. "Nao vejo razoes nos fundamentos da economia brasileira para esse movimento", disse, falando da cotaçao do dólar, que nesta sexta-feira chegou a R$ 1,99 no fim da manha.

Malan disse que espera que o "bom senso" prevaleça. "Eu queria chamar atençao para aqueles que talvez nao estejam avaliando ainda corretamente o que é um regime de taxas flutuantes e estao fazendo hedge a estas taxas, pois é possível que venham a ter algum prejuízo", acrescentou.

Ele repetiu várias vezes que nao vê razao nos fundamentos da economia brasileira para essa alta no dólar e acha que o mercado está exarcebando as preocupaçoes com movimentos como o dos agricultores e da marcha dos 100 mil.

Durante palestra em seminário promovido pelo Grupo IOB, Malan procurou demonstrar confiança nos rumos da economia brasileira e no apoio do Congresso Nacional para a aprovaçao das reformas. O ministro disse que o governo já cumpriu as metas fiscais acertadas com o Fundo Monetário Internacional (FMI) nos últimos três trimestres e voltará a fazê-lo em 30 de setembro e nos próximos dois anos. "Na sexta-feira, quando enviarmos o Orçamento de 2000 para o Congresso Nacional, o compromisso com o superávit fiscal vai ficar claro."

O ministro reconheceu que a economia brasileira possui "vulnerabilidades" e a percepçao delas acaba contagiando o mercado em determinados momentos. "Mas elas nunca foram negadas ou escondidas por este governo", afirmou. Segundo ele, o mercado as percebe e "às vezes, como agora, deixa-se levar pelo instinto de rebanho e age com excesso de pessimismo, assim como outras vezes age com excesso de otimismo".

Malan concordou com a avaliaçao de que parte da elevaçao do câmbio decorre da preocupaçao do mercado com sinais de desarticulaçao na base política do governo. Mas, segundo ele, é errada a leitura de que o Congresso Nacional nao vai aprovar as reformas necessárias, como a tributária e a da Previdência e a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Segundo Malan, o mercado de câmbio nesta sexta-feira movimentou um volume muito pequeno e faz enorme diferença quando se tem um grande ou um baixo volume de transaçoes.

Fiesp - O presidente da Federaçao das Indústrias do Estado de Sao Paulo (Fiesp), Horácio Piva, acredita que o dólar pode estabilizar-se em R$ 1,90, "que é bem alto". Piva acredita que o dólar nao vai ultrapassar a barreira de R$ 2, mas mesmo se ficar estável no nível de quinta-feira (19) "pode provocar uma pressao inflacionária sobre o mercado".

Ao contrário de outros momentos, quando já defendeu a troca do ministro da Fazenda, Piva disse apoiar o ministro. "Nao acho que o Malan deva sair; me opus à política monetária dos últimos cinco anos, mas começo a perceber no governo a palavra desenvolvimento com mais freqüência", afirmou.

Na avaliaçao do presidente da Fiesp, a alta do dólar foi provocada por "insegurança dos agentes internos e externos, boatos sobre a saída de Malan, preocupaçoes com o resultado da balança comercial este ano e com a elevaçao da taxa de juros". Nesta situaçao, diz, o desemprego cresce e a economia nao reage como deveria.




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