Internacional Titulo
Arábia e Irã lutarão contra 'conspiração' para dividir muçulmanos
Da AFP
04/03/2007 | 14:02
Compartilhar notícia


Os líderes de dois 'pesos-pesados' regionais, Irã e Arábia Saudita, concordaram durante conversações celebradas no sábado, em Riad, em combater o crescente conflito entre sunitas e xiitas, advertindo que este é o risco mais grave que ameaça a região. O presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, foi recebido na noite de sábado pelo rei Abdullah da Arábia Saudita. Os dois falaram dos "complôs inimigos" que querem dividir o mundo islâmico, assim como das questões palestina, libanesa e iraquiana.

Ambos convieram em se opor às tentativas de exacerbar o conflito entre sunitas e xiitas, noticiou a agência oficial saudita SPA após o encontro. "Os dois líderes afirmaram que o maior perigo que ameaça a nação islâmica é a tentativa de atiçar as disputas entre muçulmanos xiitas e sunitas e, por isso, os esforços devem se concentrar em contê-los e cerrar fileiras", acrescentou a agência.

As relações entre as duas potências regionais - o Irã para os xiitas e a Arábia Saudita para os sunitas - atravessam uma época de tensão devido à crescente influência iraniana no Oriente Médio, sobretudo no Iraque e no Líbano.

Durante uma entrevista coletiva celebrada em seu retorno a Teerã, no domingo, o presidente Ahmadinejad declarou que a Arábia Saudita e o Irã haviam decidido trabalhar juntos para contrabalançar as conspirações inimigas destinadas a dividir o mundo islâmico. "Felizmente, nós e os sauditas somos plenamente conscientes das ameaças dos nossos inimigos e as condenamos. Pedimos a todos os muçulmanos que sejam conscientes destes complôs e que estejam alerta", acrescentou o presidente iraniano. Ahmadinejad não especificou a que inimigos se referia.

Segundo a SPA, o presidente iraniano expressou seu apoio aos esforços sauditas para resolver a crise política no Líbano e à necessidade de preservar a unidade do Iraque e garantir a igualdade entre seus cidadãos. Sobre as questões palestina e iraquiana, "temos pontos de vista comuns", assegurou Ahmadinejad.

O rei Abdullah ofereceu ao presidente iraniano um jantar oficial, que se seguiu à recepção oficial, em sua chegada à base aérea de Riad. A reunião ocorreu depois do jantar e Ahmadinejad só permaneceu em Riad, a capital saudita, durante algumas horas. O presidente iraniano já tinha se reunido com o rei Abdullar durante uma cúpula islâmica em Meca, em dezembro de 2005.

Os dois países desejam coordenar suas posições antes da celebração, em 10 de março, da conferência internacional de Bagdá, convocada pelo governo iraquiano para tentar devolver a paz ao país, segundo Anwar Eshki, diretor de um centro de estudos privado radicado em Jidá, na Arábia Saudita.

O Irã aumentou sua influência no Iraque, agora chefiado por xiitas, e no Líbano, com o movimento Hezbollah, que se mobiliza contra o atual governo. A Arábia Saudita, por sua vez, é um dos principais doadores de fundos ao executivo de Beirute e tem laços estreitos com o primeiro-ministro, Fuad Siniora. O chefe da maioria parlamentar libanesa, Saad Hariri, chegou precisamente a Riad no mesmo sábado. Durante sua visita, ele deveria se reunir com funcionários sauditas.

Segundo analistas sauditas, Riad e Teerã tentam acalmar a região, enquanto as autoridades iranianas estão sob uma forte pressão ocidental devido a seu programa nuclear e os sauditas querem evitar qualquer confronto militar entre os Estados Unidos e o Irã. De acordo com Anwar Eshki, a Arábia Saudita, que é um aliado-chave dos Estados Unidos na região, não dispõe de uma solução para resolver a crise nuclear iraniana, mas pode ajudar a prevenir a escalada, promovendo o diálogo.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;