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Grande ABC oferece série de oportunidades para voluntários

Atividade é marcada pela dedicação de tempo e amor ao próximo de maneira espontânea

Matheus Angioleto
Especial para o Diário
14/08/2017 | 07:00
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A ONU (Organização das Nações Unidas) define o voluntário por pessoa que “devido ao interesse pessoal e ao espírito cívico dedica parte do tempo, sem remuneração alguma, a diversas formas de atividades, organizadas ou não, de bem estar social”. Um dos últimos levantamentos sobre o assunto, realizado pelo Ibope, em 2011, indica que cerca de 25% da população brasileira faz ou já fez algum tipo de serviço voluntário ao longo da vida.

Independentemente do número, é indiscutível o fato de que é bom ajudar ao próximo. Faz bem para quem dedica tempo de maneira espontânea, sem esperar nada em troca, e, principalmente, a quem recebe atenção, amor e carinho. No Grande ABC há inúmeras instituições que exercem o trabalho de se dedicar gratuitamente ao próximo. Sejam entidades assistenciais, grupos ligados a igrejas ou voluntários independentes. Estima-se que a região tenha ao menos 104 instituições de assistência social ligadas às prefeituras. São Caetano conta com 40, Santo André com 35, Ribeirão Pires tem 9 e Mauá possui 20. As demais não informaram o número.

Em Santo André, a Instituição Assistencial Nosso Lar chama a atenção pelo trabalho desenvolvido com idosos desde 1953. Atualmente, os 83 integrantes do espaço estão sob responsabilidade de Erivaldo Andrade dos Santos, 62 anos, eletrotécnico aposentado e atual presidente do local, que conta com 32 funcionários e 12 voluntários todos os dias. “Ser voluntário é sentir a dor do nosso semelhante duas vezes. Você tem de se desprender, sair do comodismo, do mundo fechado e ir da arquibancada ao picadeiro. Toda sexta-feira pela manhã faço as barbas dos idosos. Minha ocupação é essa.”

Do outro lado, quem recebe carinho não esquece. É o caso da mineira Perpétua Goulart, que aos 81 anos esbanja disposição e dá diversas lições de superação. Após perder a mãe, em 1991, quando residia na Vila Homero Thon, em Santo André, passou a morar sozinha. No dia 17 de janeiro deste ano chegou ao Nosso Lar. “É uma família. Os diretores comandam como se fossem os dependentes. As pessoas têm muito respeito e aqui tem sempre festas. Inclusive, fui a noiva da Festa Junina e dei risada o tempo todo. Os voluntários são demais. Foi uma bênção encontrar essa turma”, conta.

Sempre sorridente e brincalhona, Perpétua gosta de fazer cachecóis em tear de madeira que comprou há um tempo. Com lenço na cabeça, óculos e peças de roupas simples, a integrante da família Nosso Lar fez questão de deixar mensagem. “Falo que perdoar é sempre necessário. O perdão e o arrependimento, juntamente com a caridade, são palavras que a gente têm de carregar para sobreviver”, pontua.

A microempresária Olésia Filha, 35, montou o grupo Anjos da Noite ABC há um ano. Ela e outras seis pessoas distribuem comida, roupas e cobertores a quem necessita. Receber doações para continuar com a atividade, no entanto, é um desafio. “A prática deve ser incentivada porque é muito difícil. Tem muita gente fazendo o trabalho agora, mas quando acaba o frio acaba também a ação social. As pessoas não sentem fome somente no frio, e sim todos os dias.”

Já a estudante de psicologia Izabela Batista, 19, pretende retomar o voluntariado assim que possível. “Ia a um lar de longa permanência para idosos. As pessoas nestas instituições não têm muita atenção, e ficam felizes quando vai gente de fora. Voluntariado é uma coisa muito legal, nem que seja tirar lixo da praça. Dá uma grandeza de espírito.”

O obstetra Raphael Cruz, 26, morador de Santo André, foi ao Sudão do Sul, país africano, em fevereiro do ano passado, onde exerceu a profissão durante sete meses em um campo de refugiados e em uma maternidade. “Eles têm situação precária de Saúde, de Educação e de saneamento básico, mas são bastante gratos pelo que tem. É bem diferente de tudo que já vi”, afirma.


Voluntariado pode ajudar, inclusive, na conquista de vaga de emprego

Ter o voluntariado no currículo pode ser diferencial na hora de conquistar oportunidade no mercado de trabalho. “As empresas levam em consideração porque, a partir do momento que a pessoa faz trabalho voluntário, começa a ter compromisso com horário e com o trabalho. Mesmo que não seja remunerado, a pessoa tem noção do que é trabalhar”, afirma a profissional de RH (Recursos Humanos) Graziela Carneiro, 24 anos.

Segundo ela, fazer trabalho voluntário é “sair na frente” devido ao desenvolvimento de diversas outras características. “As pessoas (voluntárias) desenvolvem atitude e proatividade, principalmente por não ficarem presas à obrigatoriedade de se fazer algo apenas para ganhar dinheiro. Elimina a vergonha e ajuda no desenvolvimento comportamental.”

Cinco das sete prefeituras do Grande ABC (Santo André, São Bernardo, São Caetano, Mauá e Ribeirão Pires) disseram apoiar o trabalho voluntário. Para participar, em linhas gerais, basta procurar entidade assistencial e informar o desejo de integrar a equipe. 




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