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Estudo revela que 78% recorrem a hora extra
Por Frederico Rebello Nehme
Do Diário do Grande ABC
17/02/2006 | 07:47
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A hora extra é uma instituição nacional. Pesquisa do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos), feita a pedido da CUT, revela que 78% dos trabalhadores brasileiros fazem horas extras. Os dados, divulgados nesta quinta, foram captados por meio de questionários preenchidos por 3 mil trabalhadores em todo o país – incluindo o Grande ABC.

A pesquisa foi realizada no segundo semestre do ano passado com trabalhadores de cinco categorias: metalúrgicos, químicos, trabalhadores de comércio e serviços, do setor de transporte e da indústria de vestuário (têxteis, calçadistas, entre outros).

De acordo com a economista Patrícia Toledo Pelatieri, da subseção do Dieese da CUT, esse é o primeiro estudo em âmbito nacional realizado especificamente sobre horas extras. “Até agora não contávamos com informações desse tipo. Além de identificar a freqüência das horas extras, o estudo também serviu para medir a percepção dos trabalhadores sobre o trabalho além da jornada normal.”

Quase 70% dos entrevistados utilizam a hora extra como uma complementação de renda, segundo a pesquisa, enquanto 23,4% dos entrevistados afirmaram que a jornada extraordinária é um recurso para mostrar comprometimento com a empresa.

“De um lado temos os trabalhadores que criaram uma relação de dependência econômica com as horas extras, e de outro trabalhadores que fazem jornada adicional com receio de demissão, por causa da grande pressão do mercado de trabalho”, afirmou Patrícia.

A pesquisa do Dieese subsidiará as discussões da campanha que a CUT pretende lançar em conjunto com outras centrais sindicais pela limitação das horas extras. A idéia é que seja elaborado um projeto de lei sobre o assunto ainda no primeiro semestre.

A CUT quer colar essa campanha em outra bandeira histórica da entidade, a da redução da jornada de trabalho, e envolver o Congresso Nacional e o Ministério do Trabalho na discussão do tema.

“Sabemos que as horas extras são uma complementação salarial dos trabalhadores. Mas ao mesmo tempo que aumenta a renda de uma parcela, tira o emprego de outra”, afirmou João Felício, presidente nacional da CUT.

Hoje, segundo a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), o limite da jornada extraordinária é de duas horas diárias. Não há tetos semanais ou mensais.

Limitador – No Grande ABC, os cerca de 40 mil metalúrgicos que trabalham nas montadoras já contam com um limitador de horas extras, implantado em 2004 e que vigorará até 2007.

O acordo entre sindicatos da região e as empresas prevê o pagamento de um adicional superior para as horas extras que excedam o limite de 29 horas além da jornada mensal de trabalho. Os adicionais passam de 50% para 75%, para horas extras durante semana, e de 100% para 130%, para horas extras nos feriados.

“A idéia do acordo é que qualquer crescimento econômico não vire pretexto para que as empresas utilizem as horas extras indiscriminadamente, forçando a contratação de mais trabalhadores”, afirmou José Lopez Feijóo, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (filiado à CUT). 



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