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Bando que tem lista de seqüestráveis
da rua Marechal mata comerciante
Luciano Cavenagui
Do Diário do Grande ABC
06/02/2006 | 07:51
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O empresário de origem libanesa Mohamed El Bacha, 44 anos, proprietário junto com a família de diversas lojas de material esportivo e outros artigos na região, foi morto por seqüestradores que o levaram de São Bernardo há 125 dias. Apesar de seu corpo ainda não ter sido encontrado, dois acusados presos confessaram o assassinato. Ligações telefônicas de integrantes da quadrilha interceptadas pela investigação também atestam a morte. Com Newton Marques, 69 anos, suposto mentor do seqüestro, a polícia encontrou uma lista com nomes de empresários que atuam na rua Marechal Deodoro, no Centro de São Bernardo, mesmo local onde a família de Bacha mantém a loja Mundo do Atleta, na esquina com a avenida Imperatriz Leopoldina.

Na última sexta-feira à noite, a polícia de Minas Gerais, juntamente com policiais de São Bernardo, prenderam Marques, também conhecido como Muringão. Ele foi encontrado escondido em uma caverna no município de Indaiabira, na região de Montes Claros. Marques confessou que deu dois tiros no empresário porque a vítima o reconheceu. O acusado comercializava roupas com lojistas do Shopping do Coração, localizado na rua Marechal Deodoro.

O empresário foi seqüestrado na noite do dia 3 de outubro quando voltava da loja da Marechal Deodoro para sua residência, no bairro Nova Petrópolis. Como fazia todos os dias, Bacha fechava o estabelecimento às 19h30 e ia a pé para casa.

Às 21h, quando a mulher do empresário já estava preocupada com seu atraso, os seqüestradores fizeram o primeiro contato com ela. Por telefone, comunicaram que Bacha havia sido seqüestrado e exigiram resgate de US$ 1,5 milhão. Poucas horas depois, fizeram outra ligação confirmando o seqüestro.

"Nossa família ficou desesperada e eu passei a ajudar na negociação com os criminosos. Durante 18 dias, tentamos diminuir o valor do resgate, que era absurdo. Após esse tempo, não tivemos mais nenhum contato com os bandidos durante 49 dias", afirmou ao Diário domingo um primo do empresário.

A vítima foi levada para um cativeiro localizado em um sítio em Juquitiba, na Região Metropolitana. Quando os seqüestradores retomaram o contato com a família pedindo dessa vez R$ 150 mil, Bacha já estava morto. O ponto combinado para a entrega do resgate foi o acostamento da rodovia dos Imigrantes, na divisa de São Bernardo e Diadema. O dinheiro tinha de ser colocado embaixo de uma placa de sinalização.

Entretanto, no local e dia combinados, os criminosos não apareceram para pegar o dinheiro. "Eles deviam saber que a polícia estava atrás e que não teriam como provar que meu primo estava vivo", disse o familiar do empresário.

Por meio de escutas telefônicas com autorização da Justiça, a polícia de São Bernardo conseguiu prender em Juquitiba, no início de janeiro, Gilberto João Mota, 49 anos, o Alemão.

Diversas buscas e escavações foram realizadas em Juquitiba perto do local em que a vítima teria sido enterrada. Foram feitas perfurações de até dez metros de profundidade, mas o corpo não foi encontrado. O local fica em um matagal perto do Parque Fantasy, de propriedade do apresentador Gugu Liberato.

Por meio da delação de um cunhado do mentor do seqüestro, a polícia conseguiu localizar Marques, que ficou dentro de uma caverna por cerca de 15 dias. Os policiais o surpreenderam deitado em um colchonete ao lado da namorada, Melvina Ribeiro Almeida, 32 anos. Também estavam no local o filho de seis meses e uma filha dela, de 8 anos. Ao lado do colchonete, a polícia achou uma espingarda.

Marques disse à polícia que, após matar o empresário, queimou o corpo e espalhou as cinzas por Juquitiba. A polícia não acredita nessa versão, pois uma fogueira improvisada na mata não seria suficiente para reduzir o corpo a cinzas. A polícia acredita que Marques queira ganhar tempo para elaborar sua defesa. A quadrilha que participou do crime teria, pelo menos, mais quatro integrantes.

Segundo um primo do empresário, Marques também era conhecido na região da rua Marechal Deodoro como Capeta, devido a seu passado escuso. Segundo a polícia, ele teria cometido pelo menos 12 homicídios desde a década de 1980.

Não é a primeira vez que a família do empresário é vítima de seqüestro. Em novembro de 2004, o estudante de Direito K.S.M., 20 anos, foi raptado na porta de casa, em Diadema. Após 36 dias, a Polícia Militar conseguir descobriu o cativeiro em Americanópolis, zona Sul de São Paulo, libertar a vítima e prender dois acusados.




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