Política Titulo
'Cartilhão': 12 volumes, mas ainda sem solução
Teresa Pimenta
Do Diário do Grande ABC
17/02/2006 | 07:56
Compartilhar notícia


A ação civil pública proposta pelo Ministério Público Estadual para exigir devolução aos cofres públicos de R$ 7,4 milhões gastos pela Prefeitura de São Bernardo em 2002 com a compra, sem licitação, do chamado cartilhão - material didático complementar que foi considerado inadequado por especialistas da USP (Universidade de São Paulo) - já tem 12 volumes, com mais de 2,5 páginas e nenhuma solução. No curso do processo, pedido de quebra de sigilo bancário e telefônico foi negado. No último dia 3, o juiz da 2ª Vara Cível de São Bernardo, Maurício Tini Garcia, também negou a indisponibilidade de bens para garantir o pagamento do possível prejuízo. O MP, que propôs a ação em dezembro do ano passado, deve recorrer.
  

São citados na ação o prefeito William Dib e os secretários Neide Felicidade (Educação), Admir Ferro (Ações Voltadas à Comunidade), Eurico Leite (Assessoramento Governamental), além de Maurício Soares (prefeito à época da compra), entre outros. Ferro era secretário de Educação em 2002 e Neide é a atual titular da Pasta. Os dois foram procurados nesta quinta no fim da tarde pelo Diário, mas não retornaram as ligações. Todos foram notificados no dia 9 para apresentar defesa no prazo de 15 dias, que se encerra na próxima semana. O responsável pela Filosofart Editora de Brinquedos e Softwares Educativos Ltda, com sede em Curitiba (PR), Davi Paciornik, também é parte no processo.
  

A Prefeitura de São Bernardo pagou R$ 5,7 milhões (o valor da ação soma a correção monetária até dezembro de 2005) para confeccionar o chamado cartilhão. A qualidade do material foi questionada por educadores, que apontaram erros de ortografia, tempo verbal e pontuação até mesmo no hino oficial de São Bernardo. O MP recebeu parecer desfavorável de especialistas da USP e o material foi recolhido em 2003.
  

Cerca de 44 mil alunos da rede municipal (1ª a 4ª séries) estão sem o material didático complementar há três anos. Em agosto do ano passado, Ferro afirmou que a Prefeitura estudava voltar a comprar cartilhões para o ano letivo de 2006, mas, até agora, o material não chegou às salas de aula.
  

Os alunos do ciclo básico de São Bernardo estudam somente com os livros do PLND (Plano Nacional do Livro Didático) do MEC (Ministério da Educação e Cultura). A compra do material complementar foi justificada pela Prefeitura por conter informações próximas à realidade dos estudantes, o que não acontecia com os livros do MEC. Segundo educadores da cidade, as apostilas apresentavam erros de informação sobre a história do município e outros problemas pedagógicos.
  

Em julho de 2005, o vereador Wagner Lino (PT) tentou a instauração de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na Câmara de São Bernardo para investigar o caso do cartilhão, mas a iniciativa foi barrada pela bancada de sustentação do prefeito William Dib (PSB).




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;