Valdenizio Petrolli (Quatá, SP, 23-3-1950 – Santo André, 28-1-2020)
“Quinta-feira, 4 de agosto de 1904. Circula o primeiro número do semanário <CF160>O Monitor</CF>, órgão dedicado aos interesses do município e devotadamente republicano. Esse tabloide, com quatro páginas, foi impresso numa modesta tipografia instalada na Rua Marechal Deodoro, Centro do município de São Bernardo. Tal acontecimento marcou o nascimento da imprensa na região Sudeste de São Paulo, formada atualmente por sete municípios, conhecida como Grande ABC.”
Cf. Valdenízio Petrolli, em trabalho sobre a história da imprensa escrita do Grande ABC apresentado durante o II Encontro Nacional da Rede Alfredo de Carvalho, Florianópolis, de 15 a 17 de abril de 2004.
Em vida, Petrolli não foi devidamente homenageado, talvez pelo seu espírito descontraído, falador, brincalhão – libertário, até. Felizmente, memorialista, ele deixou informações importantíssimas que podem e devem ser levadas em consideração em várias áreas.
Valdenízio Petrolli foi, acima de tudo, repórter. Defendeu as boas causas. Conheceu bairro a bairro, vila a vila da região, abrindo espaço às hoje quase todas desativadas SABs (Sociedades Amigos de Bairro). Descobriu acontecimentos perdidos no seu Grande ABC e pelo Brasil afora.
Na região, atuou em áreas como a sindical, mantendo uma coluna lida por empregados, dirigentes sindicais, patrões e governantes. Lula, o sindicalista, Murilo Macedo, o ministro do Trabalho no regime militar, tinham linha direta com Petrolli.
Quando o prédio do Cine-Teatro Carlos Gomes, no Centro de Santo André, correu risco de ser demolido, lá estava ele, passando abaixo-assinado ou sentando, desolado, na guia-sarjeta da Rua Senador Flaquer.</CW>
FURA-GREVE, NÃO
Em 1979, na fracassada greve geral dos jornalistas, ele foi contrário à paralisação, mas foi o primeiro a aderir ao movimento, fazendo piquete e negando-se a continuar com a coluna sindical que fazia aqui no Diário enquanto não houvesse uma solução ao impasse. “Não sou fura-greve”, disse ao diretor de Redação, Fausto Polesi.
Tamanha e digna posição valeu-lhe a demissão por justa causa. Recorreu, foi indenizado e jamais virou as costas para o Diário – sua tese de doutorado focaliza a história do Diário do Grande ABC; a dissertação de mestrado focaliza a imprensa escrita regional, título a título, história a história.
NACIONAL
Brasil afora, Valdenízio Petrolli percorreu com universitários do Grande ABC pontos pobres, miseráveis, da Nação, trazendo relatos comoventes que lhe valeram o prêmio máximo do Ministério do Interior.
Uma de suas coberturas foi em Lins: registrou o encontro de sindicalistas metalúrgicos com boias-frias. Acordou Lula numa madrugada para visitar canavieiros. E teve tempo de redigir o primeiro manifesto pela fundação do PT – ele que jamais foi petista (o original foi presenteado ao ex-prefeito João Avamileno).
Num momento mais próximo, Petrolli vestiu a camisa da Intercom (Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares de Comunicação). Foi um dos fundadores. E o único a participar de todas as reuniões em vários Estados.
O INVESTIGADOR
Lecionou mais do que defendeu causas jurídicas, mas sempre exerceu o papel de jornalista-investigador. Reuniu tantos documentos que foi preciso usar uma casa da família como arquivo, aberto a todos os interessados.
Exemplo 1 – A descoberta de O Monitor como o primeiro jornal da região.
Exemplo 2 – A descoberta do número 1 de O Sindiquim, jornal do Sindicato dos Químicos do ABC, cuja entidade não possuía este exemplar.
Exemplo 3 – Salvou documentos fundamentais para o entendimento da história do CA Aramaçan – um material guardado por um anônimo funcionário que evitou que fosse descartado.
Exemplo 4 – Reuniu coleções inteiras de jornais locais, a maioria da primeira metade do século passado – parte permanece em seu arquivo, parte faz parte do acervo da Seção de Pesquisa e Memória de São Bernardo.
REGISTROS
Há muitos exemplos mais. Áudios e filmes. Lembranças de nomes, como o do jornalista Claudio Maiato, que foi seu chefe no Diário e que aparece em depoimento concedido a professores da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) – e quem se lembrava do velho Maiato?</CW>
Professor Valdenízio Petrolli sempre esteve presente aqui em Memória. E continuará.
A FAMÍLIA
Valdenizio Petrolli é filho de Alcides Petrolli e de Anesta Menette Petrolli. Tem uma irmã, Ondina Aparecida Petrolli, seu anjo da guarda até o fim. Parte aos 69 anos. Foi sepultado no jazigo da família no Cemitério Sagrado Coração de Jesus, bairro Camilópolis, em Santo André.
Petrolli é mestre em metodologia da comunicação com a dissertação A História da Imprensa no ABC Paulista e doutor em teoria e ensino da comunicação com a tese Diário do Grande ABC: a Construção de um Jornal Regional.
Diário há 30 anos
Sexta-feira, 2 de fevereiro de 1990 – Ano 32, edição 7292
Manchete – Greve do funcionalismo municipal deixa Santo André sem serviços. Servidores pedem aumento real de 150% sobre o salário de fevereiro. Paralisação tem a adesão de 95%.
Ribeirão Pires – Prefeitura inaugura uma ponte provisória para pedestres sobre o Ribeirão Pires, em substituição à ponte original, que desabou em 1º de janeiro em consequência das chuvas.
Em 2 de fevereiro de...
1920 – Proprietários de veículos à tração animal, especialmente os cocheiros, são convidados a participar de reunião na Praça da Sé. Vão discutir como devem agir para exercer livremente a profissão.
- De acordo com edital da Cúria Metropolitana, celebra-se em todas as matrizes e igrejas da arquidiocese a festa da Boa Imprensa.
- Carnaval. A Casa Henrique, à Rua Direita, 10-A, especialista em artigos para Carnaval, acaba de receber um álbum contendo 37 fantasias, modelos inteiramente novos.
Hoje
- Dia do Agente Fiscal
Santos do dia
- Santa Maria Domenica Mantovani
- Nossa Senhora dos Navegantes
Municípios brasileiros
Celebram aniversários em 2 de fevereiro:
- Em São Paulo, Itu.
Fundada em 1657, quando se separa de Santana de Parnaíba.
- Em Goiás, Nova Crixás
- Em Alagoas, Olivença
- Em Pernambuco, Paranatama
- No Paraná, Tapira
- Em Santa Catarina, Xavantina
Fonte:IBGE.
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