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Lula evita falar de CPI no Japão
29/05/2005 | 07:59
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva experimentou neste sábado o primeiro corpo-a-corpo da campanha eleitoral de 2006 na distante Nagóia, cidade industrial que abriga a maior concentração de brasileiros no Japão, de cerca de 34 mil pessoas, a maioria alheia à crise política detonada pela denúncia de corrupção nos Correios. Lula carregou e beijou crianças, cumprimentou os dekasseguis ávidos por atenção, distribuiu autógrafos, posou para fotografias, experimentou pão de queijo e empadinhas e prometeu soluções para os dilemas nas áreas de educação e de saúde dos brasileiros. Na mesma sintonia, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, foi popular e afável e distribuiu tantos beijos e apertos de mão quanto seu chefe.

Assim como nos cinco dias anteriores de sua viagem ao Oriente, o presidente claramente privou-se neste sábado da hipótese de ser abordado pela imprensa brasileira sobre temas políticos internos. Manteve-se blindado. Com isso, preservou o conteúdo da viagem à Coréia e ao Japão, cujos objetivos se concentraram na atração de investimentos e no estímulo ao comércio. Por outro lado, protegeu sua própria imagem do desgaste de ingressar no bate-boca político em torno de um escândalo de corrupção e da incapacidade do governo em proteger suas posições no Congresso. Apesar dos apelos e das investidas dos jornalistas, Lula deixou Nagóia, por volta das 17h30 (5h30, horário de Brasília), sem disparar uma única declaração direta sobre a CPI dos Correios que, em seu próprio ponto de vista, teria antecipado a corrida eleitoral de 2006.

O presidente havia desembarcado em Nagóia por volta das 9h45 de sábado (21h45 de sexta-feira, no horário de Brasília).

Imediatamente, visitou o espaço Praça Brasil, no mesmo prédio onde está o consulado brasileiro e que conta com cerca de oito lojas destinadas à solução de problemas cotidianos da comunidade. Ali, pode-se encontrar "sorvete de massa" e churrasquinho. Recebido por cerca de 30 brasileiros na porta, Lula ouviu a choradeira dos que reclamam da jornada de trabalho longa no Japão, do atendimento médico-hospitalar, das doenças.

No consulado, Lula conversou com diretores de escolas brasileiras no Japão – entre as quais está o colégio Pitágoras, de cujo conselho administrativo o ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia, é o presidente. Os professores entregaram propostas "mastigadas" ao presidente sobre uma política educacional para os brasileiros que vivem no país, segundo o ministro. A apoteose do encontro com a comunidade brasileira – e o momento mais tumultuado – foi sua visita a uma feira de negócios e serviços brasileiros no Japão, a 3ªExpobusiness, com 90 expositores dos dois países.

Ali, o presidente aproveitou-se da ansiedade de milhares de brasileiros para rememorar uma eficaz prática eleitoral, o corpo-a-corpo. Depois de uma caminhada pelos estandes montados e de assistir a um show de grupos de japoneses, que cantaram clássicos como Luar do Sertão e Asa Branca, dedicou-se à mais eficaz arma política. Deixou-se fotografar carregando crianças como Leonardo Kikuchi Câmara, 7 anos, e Damaris Cristine Rodrigues, 9. "Eu só conhecia ele pela televisão", afirmou Leonardo, que não dormira a noite anterior na expectativa de ver o presidente.

Por fim, discursou como nos seus melhores tempos de palanque. Prometeu acordos com o governo japonês nas áreas de saúde e educação, de forma a garantir aos brasileiros no Japão tratamento similar aos dos japoneses no Brasil, e o reconhecimento de diplomas para o exercício de profissões. "Meu desejo é que um dia vocês possam regressar ao Brasil com possibilidade de conseguir empresa e de levar a vida com dignidade", arrematou.

São Bernardo – Em 1º de Maio, o presidente também ensaiou o primeiro discurso eleitoral durante o ato pelo Dia do Trabalhador, na Igreja Matriz da cidade.




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