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Dois lados da intensa vida artística

Tom Gil, empresário do Sepultura que cresceu na região, mostra disco autoral e independente

Vinícius Castelli
Do Diário do Grande ABC
28/07/2019 | 07:05
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Cisco Vasques/Divulgação


Há quem viva os bastidores de um trabalho artístico, aquele que cuida para que o projeto de um artista ou grupo seja visto, funcione bem, receba pelo que faz etc. E tem também, na outra ponta, quem assine a obra, pense no processo criativo e esteja na frente de tudo, para colher, ou não, os louros da labuta. No caso de Tom Gil, nascido em Catanduva, Interior de São Paulo, e que cresceu na Vila Assunção, em Santo André, experimenta das duas fatias do bolo.

Ele é empresário de uma das bandas mais reconhecidas no mundo: o Sepultura, cuja boa parte da história foi escrita no Grande ABC. Mas seu ofício não é só esse. Gil cuida também de um projeto independente, o duo Manuche, no qual toca gaita, guitarra, canta e que acaba de lançar o segundo disco, Mantenha a Fé, disponível nas plataformas digitais. Na empreitada ele é acompanhado por Feeu Moucachen (guitarra).

“Você vê de um lado o que artistas que já conquistaram relevância artística e público vivem e também a realidade de quem ainda precisa de projeção nos dias de hoje”, explica, sobre sua vivência.

Ele diz que estar no meio disso tudo é algo bastante elucidador e real. “Ajuda muito a te deixar com os pés bem no chão sabe? E do ponto de vista pessoal, as coisas não se misturam também. Para mim, ser empresário é um papel e ser artista é outro. E é assim que deve ser. Para você ter uma ideia, o Manuche tem um empresário que não sou eu”.

Diferentemente da receita sonora da banda que empresaria, o Manuche tem pegada de blues e de rock ‘largado’ e setentista, mas sem deixar o campo harmonioso de fora. A faixa que dá nome ao álbum e Do Lado de Fora, com participação especial de Dani Mônaco, são provas disso.

Mantenha a Fé ganha vida ilustrado por nove canções cantadas em português. Segundo Gil, as letras abordam “diversos temas que preenchem o nosso cotidiano com o intuito de inspirar ou motivar as pessoas a olhar a vida por outra lente. Mantenha a Fé traz com bastante clareza a identidade sonora resultante da mistura das nossas referências de formação com a nossa personalidade atual”.

Andreense de coração, Gil lembra que seu contato com música foi em 1985, época da estreia do Rock in Rio, e ressalta a força que Santo André teve em sua formação musical. Por influência dos amigos conheceu grupos como AC/DC, Scorpions, Iron Maiden. “O primeiro show que vi foi da Rita Lee, no (Clube Atlético) Aramaçan, aos 12 anos. Vi o Sepultura com 14. Os primeiros shows que fiz foram na cidade. Sempre passava na (loja) Metal para ver os lançamentos de discos”, recorda.<EM>

Gil conheceu Andreas Kisser, guitarrista do Sepultura que viveu em Santo André, em 2007. Mas o convite para ser empresário aconteceu há quatro anos. Ele revela que sua rotina é bem intensa, mas satisfatória. “Trabalhar com o grupo abre a cabeça para um lado do music business que não se tem visibilidade quando se trabalha com artista local”, explica.

Agora que o disco foi lançado, Gil diz que a ideia é se apresentar no maior número de locais possíveis e, em 2020, já começar a preparar novo álbum. “Estamos dando um passo de cada vez e acho que é assim mesmo. Carreira artística tem a ver com resiliência. A estrada é longa e é preciso ter muita paciência e clareza sobre isso”, encerra. 




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