A inovação é fator primordial para que um empreendedor candidate-se a vaga em incubadora tecnológica de empresas. Isso, no entanto, não significa que é preciso inventar algo. Um dos pontos principais é otimizar processos já existentes, reduzir custos e promover melhorias.

A Inctec-SA (Incubadora Tecnológica de Santo André) selecionou, neste mês, 14 iniciativas para ficarem incubadas. No entanto, ainda faltam oito para trabalhar a distância. Os empreendimentos terão direito à mesma assessoria, com acesso às consultorias gratuitas nas áreas contábil, jurídica, de vendas, marketing, gestão financeira e desenvolvimento estratégico pelo prazo de dois anos. Além disso, poderão participar de eventos do segmento com estandes para divulgar seu produto ou serviço junto à incubadora.

"O nosso objetivo é analisar as iniciativas e verificar condições de viabilizá-las, buscando, inclusive, investidores que se interessem pela ideia e queiram participar do projeto", explica o coordenador da Inctec-SA, Charles Camargo. Ele se refere à divulgação no blog da incubadora (www.inctecsa.blogspot.com) da possibilidade de investidores, chamados de anjos, participarem do processo injetando capital em troca de juros a longo prazo ou participação acionária. "Às vezes é possível viabilizar uma ideia com R$ 1.000 por mês, que para o incubado é muito, mas para o investidor não."

INICIATIVAS - O empresário Cristiano Bento realiza a manutenção de equipamentos dos laboratórios de indústrias há 13 anos, por meio de sua companhia MTQ Tecnologia. Agora, ele quer fabricar essas máquinas, que hoje só existem no Exterior, e continuar oferecendo o conserto delas. "Sempre faltou conhecimento sobre como transformar minha empresa em uma indústria, onde conseguir crédito. Embora eu sempre soubesse como fazê-la."

A ideia é tornar o maquinário acessível às micro e pequenas empresas que trabalham com PVC e que fazem itens de couro sintético ou de plástico. "A função dessa máquina é evitar desperdício de material, pois ela consegue chegar ao ponto certo da matéria-prima, evitando que o produto fique muito mole ou rachado, e a um custo acessível. Se hoje a importada custa R$ 50 mil, a que vou desenvolver poderá custar abaixo de R$ 20 mil."

O empresário Adilson Maia vai constituir na incubadora a Milaneli Sistemas & Gestão Empresarial, que propõe o fornecimento de soluções para qualquer tipo de empresa que registre em carteira seus funcionários. "Vamos desenvolver ferramenta que avalia o grau da doença que gerou o afastamento do empregado, e confrontar com a análise do INSS", diz.

A intenção é evitar que o afastado alegue que teve pneumonia por conta do trabalho em fornos, quando na verdade a doença foi contraída depois de uma forte chuva, explica. "Após 2009, a Previdência Social mudou a forma de cálculo para cobrança do imposto. Antes era pelo grau de risco da empresa e, hoje, pelo índice de gravidade de custo, ou seja, quanto mais funcionários afastados para o INSS pagar, maior o imposto."

Outra ação será confrontar os afastados com a folha de pagamento, pois às vezes a empresa tem tantos funcionários que nem se dá conta de que o afastado deveria voltar e não o fez e identificar áreas de maior sinistralidade na companhia.

Também pensando em otimizar os gastos das companhias, Viviane Portas vai fundar a VPL Processos Químicos para desenvolver um biorreator que utiliza cenoura, em vez de catalisadores químicos, para fabricar componentes de produtos farmacêuticos, cosméticos e alimentícios. "Por utilizar um item natural, além de ser melhor para a saúde, pode baratear o custo dos produtos, inclusive medicamentos", explica. "Vou desenvolver a tecnologia quiral, muito comum lá fora, mas incomum por aqui."

A Integral Aretê, de Jorge Pirolla, se propõe a criar novo método de aprendizagem. "Hoje, os cursos de ensino a distância são muito parados, com o mesmo power point utilizado na apresentação ao vivo. Você lê o material e dá vontade de dormir."

Pirolla quer oferecer algo mais interativo e lúdico, que estimule o participante a se interessar pelo que está sendo ensinado. Da mesma maneira ele conta que ocorre com os cursos de gerenciamento de projetos.

Maria Gorette de Almeida vai fundar a MG Consultoria, que visa aplicar o conhecimento de nutrição e cuidados com alimentos no treinamento de funcionários para que a empresa esteja dentro do padrão de qualidade e higiene exigido por lei. "Posso trabalhar com escolas, restaurantes, bares, sorveterias, clínicas de estética e academias que façam o manuseio de alimentos."

Em São Caetano há oportunidade para 21 empresas

A incubadora de empresas de São Caetano, especializada em TI&C (Tecnologia da Informação e Comunicação), possui 21 vagas em aberto, sendo 7 internas e 14 externas. O primeiro edital foi lançado no segundo semestre do ano passado, porém, não houve muitos interessados. "Por isso, decidimos deixá-lo permanente, e vamos realizar mais palestras para disseminar esse conceito", diz o gerente José Carlos Garé.

"Quem ainda não tiver empresa constituída e estiver interessado, mesmo que não seja de São Caetano, pode nos procurar. Se a proposta for aprovada, é possível abrir empresa em 30 dias, porém, ela tem de ficar no município."

A iniciativa faz parte do Itescs (Instituto de Tecnologia de São Caetano do Sul) e está localizada dentro da USCS (Universidade Municipal de São Caetano). Em agosto de 2010 a Prefeitura do município conseguiu receber a liberação de parte da verba solicitada ao BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento): R$ 76 mil. Esse foi o pontapé inicial para incubadora.

Interessados podem entrar em contato por meio do site (www.itescs.com.br), telefone 4221-5011 ou e-mail jcgare@itescs.com.br.

Os que forem selecionados para serem incubados internamente vão arcar com custo mensal de cerca de R$ 160 e usufruir, em contrapartida, de espaço para trabalhar, salas de treinamento e reunião, telefone, internet, energia elétrica e água incluídos.

Procuradas pela reportagem do Diário, as incubadoras de São Bernardo e Mauá não retornaram até o fechamento da edição.