Setecidades Titulo Solução
Água voltará aos poucos em Mauá

Abastecimento nos bairros altos levará mais tempo;
após 150 horas, normalização deve demorar dois dias

Angela Martins
Do Diário do Grande ABC
14/02/2012 | 07:00
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Depois de aproximadamente 150 horas de trabalhos e de torneiras secas, Mauá finalmente concluiu o conserto da adutora avariada no bairro Capiburgo. A previsão era de que a água começasse a voltar às torneiras a partir da madrugada de hoje. Nos bairros mais altos, o abastecimento pode demorar até dois dias para ser normalizado. Por isso, o ramal alternativo que abastece as áreas mais baixas continuará em funcionamento até que toda a cidade volte a ter água.

Apesar da chuva, técnicos da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) e da Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá) fizeram ontem o serviço de colocação, alinhamento e calçamento das tubulações. Segundo o vice-prefeito, Paulo Eugenio Pereira Júnior (PT), a cidade deve promover discussões com a Sabesp para que seja realizada manutenção das tubulações. "Há dúvidas sobre de quem é a responsabilidade, então vamos dialogar."

Enquanto o serviço era finalizado, o número de caminhões-pipa que percorriam os bairros diminuiu. Anteontem, 38 carros circulavam, a maioria de municípios vizinhos que têm autarquias de água e esgoto. Ontem, apenas quatro caminhões da Sama e outros 14 alugados pelo órgão municipal atendiam à população.

A dona de casa Albertina Francisca do Nascimento, 53 anos, do Jardim Esperança, teve de dar banho no filho Henrique, 13, portador de paralisia cerebral, no quintal, com água da chuva. "Foi muito dolorido ver essa cena, mas não tinha outra solução. Ele reclamou do frio, mas era isso ou dormir novamente sem banho", explica. A vizinha, Adriana Regina Oliveira Maria, 39, também reclama. "O caminhão-pipa veio às 13h30 de domingo e foi uma loucura. O estoque de água esgotou rapidamente. Ficaram de mandar outro e até agora nada."

A falta de água também afeta as escolas. Ontem, três unidades municipais tiveram as aulas suspensas: Nathércia Ferreira Perellla, no Jardim Zaíra, com 1.595 alunos; Maria Rosemary de Azevedo, no Parque das Américas, 997 alunos; e Therezinha de Damo de Lima, no Zaíra, 196 estudantes.

Para que não aconteçam problemas graves, a Sama elabora dois projetos. Um é a construção de reservatório com sistema de abastecimento chamado caixa de passagem, na Rua Deyse, no Jardim Zaíra 5, que deverá atender as áreas mais altas. No momento, o processo está em fase de atualização de projeto e licenciamento ambiental do Programa de Aceleração do Crescimento 2. A Sama informa que não é possível determinar valores.

O outro projeto visa a interligação do reservatório Mauá, com capacidade de armazenamento de 30 milhões de litros de água, com o reservatório Zaíra, que comporta 7 milhões de litros. Parte da tubulação já existe e pode ser aproveitada. O processo depende apenas de licitação para que as obras sejam iniciadas.

Ribeirão também sofre por causa de adutora

Os bairros Planalto Bela Vista, Parque Aliança, Vila Belmiro e Jardim Guanabara, em Ribeirão Pires, também estão sem abastecimento desde que a adutora em Mauá se rompeu. De acordo com a Sabesp, responsável pelo abastecimento em Ribeirão, o rompimento afetou o fornecimento do setor Vila Zaíra, que abastece cerca de 3.000 casas.

Em comunicado distribuído ontem pelos bairros, a Sabesp informa que a normalização dependia do reparo da adutora. "Após o término dos serviços, estima-se que leve ainda um dia para a normalização completa do fornecimento de água nos bairros de Ribeirão Pires."

A companhia afirma ainda que enviou equipes e equipamentos para auxiliar a Sama, autarquia responsável pelo conserto da adutora. E que os "serviços seguem sem interrupção, apesar das difíceis condições encontradas no local, que é íngreme e está com o solo instável por conta das chuvas dos últimos dias".

Enquanto isso, os moradores aproveitam a água da chuva. "Tivemos sorte que está chovendo. Eu e meu marido ficamos três dias comendo pão e tomando chá para não acumular louça. Mas tem hora que não dá mais e é a chuva que dá uma ajudinha", diz a doméstica Marlúcia Luis dos Santos, 40 anos.

A secretária Francisca Bárbara da Silva Marinho, 59, está comprando água mineral para lavar louça, tomar banho e fazer comida. "Para jogar no banheiro é água da chuva, que pego com baldes. Acho um desperdício usar água potável para isso."

Já o zelador Juca de Oliveira Santos, 45, vai até Rio Grande da Serra para buscar água. "Vou todos os dias até uma mina. A água de lá é limpinha. Uso para beber e tomar banho." Na casa de Leila Fátima Pinheiro Nicolau, 47, o problema é amenizado com poço artesiano. "Estamos usando para tudo e ajudamos alguns vizinhos. Não sei se a água é potável, então fervo bem para fazer comida e beber."

A Sabesp afirma que disponibilizou 20 caminhões-pipa e que eles estão circulando entre os quatro bairros de Ribeirão Pires. (Carolina Garcia, Especial para o Diário)




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