Setecidades Titulo Abastecimento
Geraldo Alckmin manda
Sabesp ajudar Mauá

Isso porque quem colocou para funcionar o antigo ramal
de abastecimento de água alternativo foi equipe da Sabesp

Por Angela Martins
e Camila Galvez
11/02/2012 | 07:00
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O prefeito em exercício de Mauá, Paulo Eugenio Pereira Júnior (PT), precisou telefonar para o governador Geraldo Alckmin (PSDB) para garantir a medida paliativa que promete água na torneira de 128 mil pessoas hoje em Mauá. Isso porque quem colocou para funcionar o antigo ramal de abastecimento alternativo foi equipe da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), deslocada ontem por ordem de Alckmin para auxiliar a Sama (Saneamento Básico de Mauá) depois que a adutora rompeu pela segunda vez em três dias.

Pela manhã, o superintendente da Sama, Diniz Lopes, afirmou que a Sabesp teria inicialmente se recusado a ajudar nos reparos. Ele também reclamou das tubulações velhas da cidade, e disse que há pouca ajuda para recuperá-las.

Porém, segundo o diretor metropolitano da Sabesp, Paulo Massato, a responsabilidade pela manutenção em Mauá é da Sama desde 1995. Quanto à reclamação de que a autarquia teria se recusado a ajudar no conserto, Massato explicou que na quarta-feira, quando a adutora rompeu, a Sama enviou apenas e-mail para o gerente de manutenção. "Esse gerente não tem poder de decisão e não poderia deslocar a equipe das manutenções já programadas."

Massato afirmou que, após a ligação de Alckmin e a constatação da gravidade do problema, foi enviada equipe de 20 homens, além de um caminhão-oficina e uma escavadeira hidráulica. Também foram deslocados 11 caminhões-pipa para abastecer bairros próximos a Ribeirão Pires, cidade atendida pela autarquia.

Foi essa equipe que sugeriu que fosse utilizado ramal alternativo, que estava desativado por ter menor potencial. "Com esse ramal, será possível devolver água para a torneira de parte da população enquanto o conserto principal não for realizado", explicou o diretor.

Segundo Paulo Eugenio, a previsão é que na segunda-feira os trabalhos sejam concluídos, porém, vai depender do tempo. "O local é de difícil acesso. A tubulação está instalada numa altura de 100 metros, e onde ela se rompeu tem 40 metros."

A ordem é economizar água. Nos bairros altos da cidade, o abastecimento não deve chegar nem com a medida paliativa. Pode haver rodízio.

ÁGUA DISPUTADA

Com as torneiras secas há quatro dias, a população busca alternativas para suprir suas necessidades, como lavar roupas e louças, tomar banho ou mesmo usar o banheiro. Bicas e poços são disputados. No Jardim Columbia, a fila de moradores para extrair água de bica na Rua Antônio do Carmo é imensa, dia e noite. "Chegamos a ficar mais de duas horas esperando para encher os baldes", diz a dona de casa Maria Lucia da Silva, 50. Moradora do bairro Itaussu, ela e os vizinhos reúnem-se em uma Kombi para buscar a água na bica. "Fazemos isso duas a três vezes por dia".

Na casa da operadora de caixa Mara de Souza, 28, a louça se acumula na pia e a roupa, no tanque. "A casa está suja, os mosquitos estão em todo lugar. Tenho um bebê de 8 meses, a situação está crítica", desabafa. Na cidade, o pedido da população é por caminhões-pipa, para aliviar o sofrimento. Mas a Sama avisa que atender a todos é impossível. De acordo com a autarquia, os únicos cinco veículos disponíveis continuam a abastecer somente creches, unidades de Saúde e o Hospital Nardini.

PROCON

O Procon-SP notificou a Sama a prestar esclarecimentos sobre o rompimento da adutora. O órgão quer saber quais as causas do rompimento, quais providências serão adotadas, quando o abastecimento será retomado e como os consumidores serão ressarcidos por eventuais prejuízos.

Comerciantes da cidade superfaturam galões

Após quatro dias de torneiras secas, a corrida para compra de água mineral em Mauá está feroz. O comércio local não dá conta dos pedidos e as garrafas e galões somem assim que chegam às prateleiras. Por conta da alta procura, o preço foi às alturas. Galões que antes eram vendidos a R$ 4,50, passaram a custar até R$ 20.

"Está muito difícil encontrar água nos mercados. Quando encontramos, o valor é um absurdo", reclama a dona de casa Cíntia da Silva, 22 anos. O copeiro Cláudio Alves Melo, 28, contabiliza o prejuízo com a falha no abastecimento. Até ontem, foram seis galões de água mineral, utilizada para banho, fazer comida e matar a sede. "O pessoal do comércio está cobrando R$ 15 o galão."

A proprietária de um mercadinho no Jardim Columbia, Marlúcia Melo Silva, 33, não vence repor o estoque. "O povo está desesperado. Aqui vendemos o galão de 20 litros por R$ 4, mas o pessoal do comércio está abusando, vendendo bem mais caro para lucrar. Em média reabastecemos nosso estoque de 35 galões quatro vezes no dia, mas a mercadoria acaba em apenas 20 minutos."

A repentina falta de água na cidade pegou o dono de uma distribuidora, Leandro da Silva Lima, 35, desprevenido. "Tinha uns 30 galões e vendi tudo rapidamente. Agora estou esperando meu fornecedor encher os 25 galões que tenho vazios. Mas eles já estão todos encomendados", diz. Segundo o comerciante, a procura pela água mineral aumentou 100% nos últimos três dias, já que o preço do produto continua em R$ 4,50.

ESCOLAS

A falta d'água também prejudicou as escolas de Mauá. Segundo a administração municipal, nove instituições de ensino ficaram sem aulas ontem. Três ficam no Parque das Américas e as demais estão localizadas no Jardim Itaussu, Guapituba, Itapeva, Paranavaí e Bom Recanto. Seis creches também tiveram o funcionamento suspenso. (Angela Martins)




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