Com 7,78 pontos de vantagem sobre a segunda colocada Santos, São Caetano encerrou 2004 na mesma condição do ano anterior: é a campeã do IGC (Índice Geral de Competitividade), o super-ranking preparado pelo Ieme (Instituto de Estudos Metropolitanos), braço estatístico do Diário. Os dados envolvem 75 municípios que representam 80% do PIB (Produto Interno Bruto) do Estado. São Bernardo está em quinto lugar, Santo André em sétimo, Diadema em 44º e Mauá em 49º. Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra não constam da lista.

São Caetano ampliou a vantagem sobre Santos um ano depois da divulgação do primeiro ranking do Índice Geral de Competitividade do Ieme. Em dezembro de 2003, em estudo restrito a 55 municípios, São Caetano somava 6,91 pontos à frente de Santos, enquanto São Bernardo estava em oitavo, Santo André em 15º, Diadema em 42º e Mauá em 45º.

O Índice Geral de Competitividade do Ieme é o mais bem nutrido conjunto de dados estatísticos para medir a temperatura social, econômica, financeira e criminal dos principais municípios do Estado. O Instituto de Estudos Metropolitanos lança mão de diversas fontes oficiais para construir 15 indicadores que formam quatro ranqueamentos temáticos que, por sua vez, definem o IGC. São dados do IBGE, do Tribunal de Contas do Estado, da Secretaria da Fazenda do Estado e de outras instituições. No caso do IDS (Índice de Desenvolvimento Social), o Ieme baseou-se no Atlas de Exclusão Social no Brasil, lançado em 2003 por acadêmicos da Unicamp, PUC e USP. O Ieme conta com parceria da Target Marketing, empresa paulistana especializada em potencial de consumo.

Pesos ponderados – O maior peso ponderado na composição do IGC está concentrado no IDEE (Índice de Desenvolvimento Econômico Equilibrado), que envolve cinco indicadores: Valor Adicionado (produção de riqueza da indústria de transformação), ISS (Imposto Sobre Serviços), IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores), Inclusão Digital e Potencial de Consumo. São 40% de peso relativo, contra 30% do IEM (Índice de Eficiência Municipal), formado pelos ranqueamentos de custos com funcionários do Executivo, gastos do Legislativo e arrecadação do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano). O IC (Índice de Criminalidade), com peso de 10% no IGC, reúne dados de roubos e furtos diversos, roubos e furtos de veículos e homicídios dolosos. Completando o IGC, o IDS (Índice de Desenvolvimento Social), com 20% de peso, conta com quatro indicadores: pobreza, distribuição de renda, escolaridade e alfabetização.

O que mantém São Caetano na liderança do Índice Geral de Competitividade é o histórico dos indicadores econômicos e sociais. Com peso ponderado de 60%, dos quais 40% dos quesitos de desenvolvimento econômico e 20% de sociais, São Caetano consegue compensar com certa folga as dificuldades dos dados criminais e financeiros.

Esse contraste significa que o novo prefeito da cidade, José Auricchio Júnior, conta com alvos bem definidos para melhorar a performance de São Caetano. Seu antecessor, Luiz Tortorello, também dispôs dessas informações. A readequação de custos do funcionalismo do Executivo, dos gastos com o Legislativo e os nós da área criminal, notadamente de furto e roubos de veículos, são um desafio à melhoria do Índice Geral de Competitividade.

Apenas quatro entre os 20 primeiros colocados do IGC estão na Região Metropolitana de São Paulo: além da campeã São Caetano, São Paulo ocupa o quarto lugar, São Bernardo o quinto e Santo André o sétimo. Nas demais posições aparece apenas uma cidade do Litoral, a vice-campeã Santos. As demais são do Interior. Campinas ocupa o terceiro lugar e é acompanhada na lista das 20 melhores por outros municípios vizinhos, casos de Paulínia (sexta), Americana (11ª), Araras (15ª), Vinhedo (18ª) e Indaiatuba (20ª). Fora da chamada Grande São Paulo Expandida aparecem, entre as 20 melhores, apenas São José do Rio Preto (nona), Ribeirão Preto (10ª), São Carlos (13ª), Franca (16ª) e Botucatu (17ª).

Já entre as 10 últimas colocadas do ranking do Ieme constam quatro municípios interioranos (Mogi-Mirim, Hortolândia, Mogi-Guaçu e Sertãozinho) três do Litoral (São Sebastião, Cubatão e Guarujá) e três da Região Metropolitana de São Paulo (Itaquaquecetuba, Itapecerica da Serra e Itapevi).

Qualitativa – Os 15 indicadores que alimentam o Índice Geral de Competitividade levam em conta série de fatores, entre os quais um dos mais importantes é a compactação dos dados em desempenho médio por habitante. A metodologia aplicada pelo Ieme evita entre outras distorções que grandezas demográficas, financeiras, econômicas e criminais em forma de números absolutos deformem os resultados pelo viés quantitativo. Dessa forma, evita-se que a capital do Estado, com quase 11 milhões de habitantes, sufoque em grandiosidade os demais municípios que, somados, atingem 14 milhões de moradores.

Em síntese, os dados do Instituto de Estudos Metropolitanos colocam os 75 municípios sob o mesmo formato, se assim pode ser traduzida a decisão de metamorfosear os números sempre com base em valores per capita. Paulínia, na Grande Campinas e com pouco mais de 50 mil habitantes, é exemplo escancarado do acerto metodológico: por força de altíssimo Valor Adicionado garantido por seletiva indústria químico-petroquímica que a coloca disparadamente na frente de todos os demais concorrentes na produção industrial, os gastos com o funcionalismo público e com o Legislativo ultrapassamos limites do razoável. Como São Caetano, Paulínia perde força nos indicadores financeiros e criminais, mas o peso relativo de sua economia acaba minimizando os desvios. Por isso está em sexto lugar na classificação geral.