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Fim de noite na TV: terra sem lei
Por Luis Augusto Nobre
Da TV Press
23/09/2005 | 08:44
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Fim de noite na TV é terra sem lei. Tudo é válido para atrair a débil atenção de insones e notívagos. A permissividade do horário dá espaço para ofertas de um extremo ao outro na escala moral: de telessexo a métodos de salvação da alma. Nessa geléia geral, entram também programas jornalísticos, filmes, televendas etc. É nesse horário sem dono que o SBT resolveu reformular seu último telejornal, o Jornal do SBT, que sofreu a influência da tempestuosa chegada de Ana Paula Padrão no SBT. Vai encarar velhos conhecidos na madrugada, como o Programa do Jô, da Globo, ou o Amaury Jr., da RedeTV!.

A disputa pela audiência neste horário tem uma lógica diferente da seguida no chamado horário nobre. Não se exige do programa a capacidade de atingir um de amplo espectro de público e se pode mirar em segmentos específicos. Caso do escrachado Eu Vi Na Tevê, da RedeTV!. Apresentado por João Klébler, o programa nem tenta convencer sobre as veracidade das traições do quadro Teste de Fidelidade. Afinal, a idéia é alcançar os pornófilos de plantão. E a ótima audiência média de seis pontos está longe de ser uma medida da credulidade do público. O programa poderia, é verdade, ser menos malfeito: os atores são primários, a direção é pífia e João Kléber é insuportavelmente previsível e escandaloso. Mas o apresentador conseguiu atingir o objetivo: criar um pretexto para exibir cenas semipornográficas. O sucesso da idéia já atravessou o Atlântico e o formato do Teste de Fidelidade foi exportado para Portugal e Itália.

Já os formatos clássicos conseguem manter uma média consolidada de audiência. O Programa do Jô, por exemplo, completa 15 anos (somando o tempo do Jô Onze e Meia do SBT). O formato é ainda mais antigo: foi inspirado nos talk shows norte-americanos criados na década de 60. Não tem nada de criativo, mas como tem um pé no jornalismo, promove uma renovação automática dos assuntos. Outro formato clássico, que também recorre a argumentos jornalísticos, é o festivo programa Amaury Jr., da Rede TV!. O colunismo eletrônico, do qual Amaury é um dos pioneiros no país, também só se renova na medida que os entrevistados têm coisas novas a dizer, embora boa parte dos convidados de Amaury esteja mais interessado em aparecer do que em dizer alguma coisa.

Porém é no jornalismo que a disputa está mais forte. Após a saída de Ana Paula Padrão para o SBT, o Jornal da Globo tem perdido espaço para jornais concorrentes. Os apresentadores William Waack e Christiane Pelajo não mostram o carisma necessário para prender a atenção, apesar de levarem ao ar boas reportagens. Foi aí que o SBT percebeu uma chance de reforçar o jornal apresentado por Hermano Hening e deixá-lo mais competitivo. O Jornal do SBT consegue manter uma boa média nos índices, de 5 a 7 pontos. A simples presença de Ana Paula na emissora aparentemente eleva a credibilidade do jornalismo do SBT.




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