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Mais um 'indie' domina o Oscar
Ângela Corrêa
Do Diário do Grande ABC
22/02/2008 | 07:00
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Juno, que estréia hoje na região e na Capital, fortalece a tendência da Academia de Filmes, Artes e Ciências em tentar um diálogo com a produção independente. O filme do canadense Jason Reitman (do ótimo Obrigado por Fumar) tem quatro indicações no Oscar que será realizado no próximo domingo: filme, diretor, atriz (Ellen Page) e roteiro original (da ex-stripper Diablo Cody), número igual ao de seu equivalente de 2007, Pequena Miss Sunshine.

O filme foge ao clichê quase que intrínseco ao seu tema principal: gravidez na adolescência. Graças à força de Ellen Page, que, apesar da carinha, tem 21 anos, somada ao roteiro criativo, que subverte tudo o que se espera em situação do tipo.

A personagem-título tem 16 anos e confirma, já na seqüência de abertura, que carrega um bebê. A barriga – que a melhor amiga Leah (Olivia Thirlby) acredita ser resultado do exagero no almoço –, é produto de uma tarde tediosa ao lado do amigo e companheiro de banda Paulie Bleeker (Michael Cera).

Talvez seja muita inverossimilhança, mas a primeira grande sacada da roteirista é não mostrar Juno (nome de deusa romana) escondendo a barriga ou chorando ao contar a novidade ao futuro papai.

A menina sabe da enrascada em que se meteu e quer resolvê-la sem mentir para ninguém. No meio disso tudo, ainda tem tempo para continuar descobrindo e se empolgando por álbuns de rock, guitarras e clássicos do terror. Os ícones pop (incluindo um telefone em formato de hambúrguer) permitem que o longa não se fixe no drama. Em alguns momentos, só dá para lembrar da gravidez quando este é o assunto da cena.

A menina toma decisões rápidas: primeiro, decide abortar. Mas, na porta da clínica, fica impressionada quando uma colega de escola, contrária à prática, avisa que seu bebê já tem unhas.

Aborto descartado, opta por dar a criança à adoção. Porém, quer escolher, ela mesma, um casal cool o bastante. Estratégia estabelecida, conta a novidade ao pai (J.K. Simmons) e à madrasta (Allison Janney) na mesa do jantar. Outro ápice da saída menos óbvia possível. O debate que toma a refeição é a incredulidade da autoria do sonso Bleeker sobre o feito. Pai e madrasta, avaliados os perfis da esperta Juno e do pai de seu bebê, chegam à conclusão de que a idéia de fazer sexo nunca teria partido do rapaz. Humor impossível na vida real, mas que funciona bem na ficção.

Juno escolhe o casal Vanessa e Mark Loring (Jennifer Garner e Jason Bateman), baseada principalmente no gosto musical do homem. Enquanto o bebê não nasce, faz visitas constantes a eles, que rendem ótimas cenas.

A excelente trilha é costurada ao filme. A versão de Mott the Hoople para All the Young Dudes, de David Bowie, toca quando Juno quer mostrar à Mark sua ‘descoberta’, que considera pouco conhecida. Há ainda Velvet Underground, Cat Power, The Kinks, Sonic Youth. A música Anyone Else But You, que Ellen e Michael Cera cantam nos créditos finais, também está no disco.




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