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Venda irregular de bilhete se espalha por estações da CPTM na região

Ambulantes atuam livremente nas paradas ferroviárias de Sto.André, S.Caetano e Mauá

Por Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
23/04/2017 | 07:00
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A venda irregular de bilhetes em estações da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) continua se espalhando por municípios do Grande ABC. Oito meses após a SPTrans tornar mais rígido o processo de recarga do Bilhete Único, suspendendo a venda de créditos semanal e diário aos cartões sem cadastro e que não possuem nome e foto, ambulantes mostram ter encontrado brechas no modelo de segurança e atuam de maneira massiva em ao menos três paradas ferroviárias da região.

Ao longo das últimas duas semanas, a equipe do Diário esteve em estações da Linha 10 – Turquesa da CPTM, responsável por atender a demanda de novas paradas ferroviárias da região e que liga Rio Grande da Serra ao Brás, na Capital. A venda irregular, que antes estava presente somente nas estações Prefeito Celso Daniel – Santo André e Mauá, agora ganha espaço nas proximidades de bilheterias da parada de São Caetano.

No local, ao lado do terminal de ônibus do município, vendedores irregulares aproveitam a falta de policiamento e grande movimentação de pessoas que circulam entre os dois serviços para ofertar o acesso à estação ferroviária por meio do Bilhete Único e do Cartão BOM (Bilhete de Ônibus Metropolitano).

Por se tratar de passagens provenientes de vale-transporte, a maioria é vendida por preço abaixo da tarifa convencional do sistema. “Aqui é R$ 3,50, aqui é R$ 3,50”, oferece um dos ambulantes que atuam na estação. A tarifa é R$ 0,30 mais barata do que o valor cobrado nas bilheterias da parada ferroviária (R$ 3,80).

Atraídos pelo preço baixo e praticidade, usuários têm incentivado cada vez mais a irregularidade. Na estação São Caetano, por exemplo, a equipe do Diário constatou ao menos cinco vendedores realizando a prática ilegal.

Conforme a lei trabalhista de 1985, o trabalhador é proibido de revender o vale-transporte fornecido pelo empregador. O desrespeito pode render demissão por justa causa. Além disso, quem pratica essa irregularidade é passível de autuação criminal. O usuário que adquire também pode responder por falsidade ideológica.

Na Estação Prefeito Celso Daniel, no Centro de Santo André, vendedores irregulares atuam livremente sem qualquer receio pela presença de posto policial localizado ao lado da parada de trens. Embora a Polícia Militar tenha realizado diversas ações neste ano para combater a ação criminosa, ambulantes seguem atuando livremente.

No dia 31 de março, durante 20 minutos em que a equipe de reportagem contabilizou a venda de bilhetes irregular, 43 pessoas compraram a passagem ofertada por ambulantes atraídas pelo baixo preço (R$ 3,50) e fila longa na bilheteria. “Sou trabalhador e digo ser difícil não comprar deles. A passagem a cada ano aumenta mais, o dinheiro que tenho é contado. Quando a bilheteria está vazia até que compro pela CPTM, mas tem dia que não tem sentido enfrentar fila para pagar mais caro”, relata o auxiliar de enfermagem Anderson Garcia da Silva, 37 anos.

A fiscalização de equipes de Segurança da CPTM, feita de maneira precária somente no limite das dependências das paradas ferroviárias e nas linhas de bloqueios (catracas) das estações, também parece não oferecer medo aos ambulantes de Mauá.

Na região central do município, eles aproveitam o grande fluxo de pessoas no comércio local para circular livremente pelo calçadão. “É todo dia assim. Eles estão em tudo quanto é lado”, relata o aposentado Andradino Pereira, 70.

Além de destacar o trabalho de fiscalização de suas equipes de Segurança, a CPTM, por meio de nota, declarou emitir avisos sonoros e fazer campanhas orientando os passageiros a comprarem somente bilhetes nas bilheterias e postos oficiais. Já “os envolvidos flagrados comercializando passagens dos cartões magnéticos fraudados são conduzidos ao distrito policial”.

Somente neste ano, 183 pessoas já foram flagradas comercializando ilegalmente os créditos na CPTM e encaminhadas a autoridades policiais. Além disso, a companhia garante estar colaborando com a polícia, responsável pelas investigações deste tipo de fraude. Inclusive, a SPTrans, atual gestora do Bilhete Único, também está envolvida no combate às fraudes.

Polícia intensifica ações no Grande ABC

Com objetivo de reduzir o comércio irregular de bilhetes na região, as polícias Civil e Militar têm trabalhado de maneira conjunta para coibir a atuação de ambulantes em estações da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).

Na quarta-feira, 14 pessoas foram presas em frente às três estações de Mauá: Capuava, Mauá e Guapituba).

Foram detidos 41 cartões, contabilizando R$ 9.700 em créditos. Eles eram carregados utilizando um software pirata e cada um poderia ser recarregado com qualquer quantidade de valor.

Segundo informações da polícia, enquanto a ação ocorria os suspeitos argumentavam que estavam trabalhando de maneira honesta e não fazendo nada de errado. “Na cabeça deles, estão trabalhando corretamente”, destacou o delegado titular da Delegacia Sede de Mauá, Alberto José Mesquita Alves, onde o caso foi registrado.




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