Economia Titulo Consumo
Gasto com feira livre no
mês soma 35% do mínimo

Valor da compra pode chegar a R$ 241,60, sendo que o
salário-mínimo do trabalhador é R$ 678 no Estado de SP

Yara Ferraz
Especial para o Diário
17/04/2013 | 07:13
Compartilhar notícia


Fazer a feira é um hábito das donas de casa que se justifica pela qualidade e frescor dos alimentos. Porém, o valor dos gastos na feira pode chegar a R$ 241,60 por mês, o que compromete 35,6% do salário-mínimo do trabalhador de São Paulo (R$ 678), segundo pesquisa realizada pelo Diário. A conta foi feita com base em 23 alimentos (entre verduras, legumes e frutas), para uma família de quatro pessoas - dois adultos e duas crianças. Por semana, o gasto chegou a R$ 60,40.

Nesta semana, a equipe percorreu duas feiras em Diadema, sendo uma delas no bairro Serraria e a outra na Vila Nogueira. O valor das compras semanais na feira do Serraria, bairro localizado a 3,6 quilômetros do Centro, ficou R$ 7,61 mais caro do que a da Vila Nogueira, que está cerca de cinco quilômetros longe do Centro. Se considerarmos um mês de quatro semanas, a diferença entre as feiras fica em torno de R$ 30,44.

O repolho está entre os produtos com maior diferença de preço: na feira da Serraria custa R$ 4, e na Vila Nogueira é encontrado por R$ 2. O tomate está R$ 1 mais barato na Vila Nogueira. Já o abacaxi, também com diferença de R$ 1, tem preço menor na feira do bairro Serraria.

Entre os consumidores, a opinião geral é de que os preços estão mais altos nas últimas semanas. A escriturária Marluci Herculana sentiu essa alta em produtos específicos. "O tomate e as verduras são os que estão mais caros."

A aposentada Iran Freitas afirma que a alta nos valores também ocorreu nas frutas. "Percebi que todos os produtos estão com um preço maior. Especialmente o tomate, o caqui e a manga."

Apesar da dona de casa Edna Lúcia Souza concordar com os reajustes, ela acredita que a feira é o melhor lugar para se fazer compras. "Ainda é bem mais barato do que nos supermercados."

O pesquisador do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, João Paulo Deleo explica que o tomate, assim como outras hortaliças, é uma cultura que costuma ter variações acentuadas de preços em curto período.

O motivo é sempre o aumento ou a redução na oferta, já que a demanda por esses produtos tende a se manter estável, salvo variações acentuadas de preços. "Se o produtor de tomate está ganhando muito nesta safra é porque perdeu em outra."

Outro fator para a alta no tomate é a redução de área plantada, o que também ocorre com a batata e a cebola. "Mesmo quando comparadas a outras culturas de ciclo anual, as hortaliças são culturas perecíveis e de mercado doméstico", observa Deleo. "Isso acentua os ciclos de capitalização e descapitalização do produtor. Em um ano de preços baixos, o produtor pode ter muito prejuízo, se descapitalizar e ficar sem condições de investir na safra seguinte. Isso, em geral, significa redução da área de cultivo. Como consequência, a oferta diminui e os preços aumentam", diz.

 

PASTEL - Além do valor das compras, quem resolver comer um pastel de carne e tomar um caldo de cana vai gastar, em média, mais R$ 5 - sendo R$ 3 do quitute e R$ 2 da bebida (copo médio). O alimento também tem diferença de preço entre as duas feiras. Na Vila Nogueira a economia é de R$ 0,50.

 

ECONOMIA - As feiras livres possibilitam que os consumidores encontrem outras formas de economizar. Dentra elas, se destacam os pacotinhos, que levam quantidades menores e são vendidos a preço fixo,

Na feira do bairro Vila Nogueira, o quilo da vagem é comercilizado a R$ 6, porém para quem não consome tudo isso durante a semana, o pacote com aproximadamente 300 gramas sai por R$ 1.

O pé de alface crespa, que custa R$ 1 a unidade, também pode ser encontrado nas bacias, que contém de dois a três pés. O preço varia de R$ 2 a R$ 2,50. O segredo para economizar está em ter paciência e pesquisar bastante em todas as barracas. A bacia de mamão papaya é encontrada com preço de R$ 2, com três frutos em uma barraca, e em outra, com quatro. A uva rubi está com o preço de R$ 30 a caixa, porém as bandejas da rosada saem por R$ 4,98 cada. Já a bandeja do caqui normal, com seis unidades, custa R$ 1,50, mais barata que a do caqui chocolate, que com a mesma quantidade de frutas é encontrada por R$ 2.

No fim da feira, a dúzia da laranja-pera já estava em promoção. Na mesma barraca em que a quantidade saía por R$ 2, se o consumidor levasse três dúzias, pagava R$ 5.

 

 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;