Economia Titulo CRÉDITO
Empréstimo consignado tem retração de 5,11% na região

Entre pensionistas e aposentados, houve
o total de 1.400 operações a menos em relação a 2013

Yara Ferraz
Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
05/05/2014 | 07:04
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O número de empréstimos consignados concedidos aos aposentados e pensionistas do Grande ABC apresentou queda de 5,11% em março na comparação com o mesmo mês de 2013. Segundo o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), foram 18.550 contratações, contra 19.950 em igual período do ano passado.

Essa redução ocorreu devido à diminuição do poder de compras das famílias e do alto índice de endividamento. A maior queda foi na fatia com a faixa etária de 60 a 69 anos, com decréscimo de 6,15%, ou seja, 460 empréstimos a menos.

De acordo com o professor de Finanças da Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras) Eduardo Vieira dos Santos Paiva, uma possível explicação para a diminuição é a desaceleração da economia.

Com receio do que pode ocorrer no futuro, e também por terem seu potencial de contratação de crédito reduzido pelo endividamento, as famílias têm frequentado menos as lojas. “Ou seja, consequentemente fazem menos empréstimos”, diz Paiva.

Conforme explica o economista da FIA (Fundação Instituto de Administração) Carlos Honorato, a desaceleração impacta diretamente no poder de liquidação mensal e quitação do crédito. “A capacidade de pagamento das pessoas em relação ao empréstimo está diminuindo, já que há ambiente de instabilidade.”

Segundo ele, há saturação no empréstimo, já que o consignado na maioria das vezes é “para salvar o neto ou o filho”. “Essa redução está seguindo a linha do que acontece nas outras modalidades.”

Porém, Honorato observa que a tendência é de mudança gradativa. “O que eu tenho visto são índices como o de consumo caindo, mas bem lentamente. Acredito que seja a tendência para os próximos meses. Desta maneira, as pessoas vão ficar menos endividadas”, afirma.

VALOR MÉDIO - Apesar da queda do número de operações, o valor médio dos consignados aumentou em março, contra o mesmo período de 2013.

No ano passado, a média estava em R$ 3.732,31. No mês passado, conforme informações do INSS, o valor saltou para R$ 3.936,85, alta de 5,4%, menor do que a inflação oficial do País no mesmo período, de 6,15%.

Paiva ainda indica a opção como a mais fácil para os segurados da Previdência. “Antes de mais nada, para contratar um empréstimo a pessoa precisa ter certeza de que consegue assumir esse compromisso. Isso resolvido, o consignado é ótima opção, pela facilidade para contratar e para o pagamento, já que o desconto é em folha, com menor custo de juros.”


NACIONAL - O volume de empréstimos consignados para aposentados e pensionistas em nível nacional também encolheu no mês passado. Segundo o boletim de operações de crédito do BC (Banco Central), os segurados da Previdência Social emprestaram R$ 3,655 bilhões para desconto em folha de pagamento do benefício.

O resultado foi 34,7% inferior ao registro de fevereiro, quando os beneficiários contrataram R$ 5,595 bilhões. No entanto, na comparação com igual período do ano anterior, houve acréscimo de 0,46%.

Uma das explicações para o resultado é a queda da capacidade de endividamento das famílias. “O consumidor está saturado. Não tem mais capacidade de absorver o crédito disponível”, avaliou o professor de finanças da pós-graduação da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) José Ricardo Escolá de Araújo, também da Trevisan Escola de Negócios, FGV (Fundação Getulio Vargas) e consultor da Febraban (Federação Brasileira de Bancos).

Março também contou com alguns dias úteis a menos, pelo feriado de Carnaval. No entanto, destacou Araújo, é nítida a redução de capacidade de contratação dos aposentados e pensionistas, pelo fato de que o consignado é modalidade de fácil acesso e muito mais barata do que outros empréstimos.

Ele pontuou ainda que existe a limitação de apenas uma operação por vez, o que contribuiu para que a demanda ficasse menor. Atualmente, além dessa barreira, a margem consignável é de 30% da aposentadoria para cada parcela da operação.

TAXAS - Segundo dados do BC, em março, os aposentados e pensionistas do INSS contrataram consignado por, em média, 2,06% ao mês de juros. O empréstimo pessoal, por exemplo, custava no mesmo período 5,68%. O cheque especial, 8,26%.

Esse menor juro é explicado pelo baixo risco de inadimplência que os bancos têm. O consignado é descontado na folha de pagamento dos benefícios, ou seja, é uma das primeiras dívidas que o aposentado liquida, sem a opção do não pagamento, tendo em vista que o débito é automático. 




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