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Cultura da soja chega à Amazônia
Por Do Diário do Grande ABC
04/04/1999 | 16:18
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A cultura da soja no Brasil prepara-se para dar mais um salto, conquistando sua última fronteira: a Amazônia. Melhores condiçoes de logística para o escoamento do grao estao estimulando a instalaçao da cultura na regiao. O maior impulso à cultura foi dado pela hidrovia Porto Velho (RO)- Itacoatiara (AM). Criada para escoar a produçao de soja no Noroeste do Mato Grosso, a hidrovia viabilizou o trânsito de graos pelo rio Amazonas até o Atlântico.

Outro trunfo para a produçao de soja está na construçao da rodovia Cuiabá-Santarém. Concluída, a estrada se converterá em um grande corredor de exportaçao de soja do centro do Mato Grosso, beneficiando também regioes do Pará.

O potencial da regiao nao escapou aos olhos do Grupo Maggi, maior produtor de soja no Brasil. O grupo está financiando pesadamente pesquisas de cultivares adequadas para diferentes regioes da Amazônia. As pesquisas vêm sendo realizadas com a Fundaçao Mato Grosso e Embrapa, em sete pólos da regiao.

Santarém é uma das regioes com grande potencial, na avaliaçao de Luiz Antônio Pagot, diretor da Ermasa, a Companhia de Navegaçao do Grupo Maggi. A cidade possui um porto com calado que possibilita a atracaçao de grandes navios. Do ponto de vista agronômico, a terra também pode abrigar a soja, com algumas correçoes.

A Ermasa está começando a construir um terminal graneleiro em Santarém. O terminal terá capacidade para 75 mil toneladas e já deve operar no ano 2.000. Outras grandes empresas da soja já enviaram cartas de compromisso para a Companhia de Docas do Pará: Cargill, ADM, Carolina, Erjack e Olvepar.

O potencial agronômico da regiao se traduz, por exemplo, no teor de fósforo no solo. "Há cerca de 29 partes por milhao (PPM) nas terras da regiao e a soja já se torna produtiva com 7 PPM", afirma o agrônomo Eloi Elias do Prado, um dos coordenadores do projeto da soja da Embrapa/Fundaçao MT.

: O alto teor do nutriente permite que um programa adequado de adubaçao economize em fertilizantes sem exaurir a terra. O solo de Santarém é ácido, precisando de correçao de calcáreo. No entanto, a regiao possui minas de calcáreo e o Fundo de Desenvolvimento Rural do Pará vai financiar uma fábrica do produto no município.

Além de abrigar uma área de testes para 28 cultivares, a cidade colhe a primeira safra comercial este ano. Sao 850 hectares, plantados pelo produtor Francisco Quincó, que contou com o auxílio do Grupo Maggi no financiamento de adubo em condiçao de receber a safra em Itacoatiara.

A pesquisa realizada na Amazônia desenvolveu cinco cultivares que já sao plantadas em Rondônia e Maranhao e poderao ser implantadas em Santarém. "Sao cultivares que devem garantir uma produtividade de pelo menos 50 sacas por hectare", diz Prado. "Porém, só em 3 anos teremos uma avaliaçao precisa das cultivares e manejo adequados ao município." As duas variedades plantadas por Quincó, adaptadas ao cerrado, deverao ter um rendimento inferior. "Se tudo correr bem, ele vai empatar o capital investido", afirma. A disponibilidade de terra em Santarém é outro trunfo do município. A regiao tem atualmente 420 mil hectares de áreas degradadas, das quais 120 mil hectares sao agricultáveis. Em todo Oeste do Pará, estima-se que apenas 3 mil hectares sao utilizados.




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