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Baixista ganha o mundo após lives na pandemia
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05/05/2022 | 07:45
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O baixista Fernando Rosa aprendeu a gostar de música nos bailes de garagem que frequentava em Itaquera, na zona leste de São Paulo. Músico autodidata, fã do som dos anos 1970 e 1980, ele desenvolveu ao longo dos 41 anos de vida um dom raro tocando baixo - e que decidiu mostrar ao mundo em lives no Instagram no início da pandemia.

Dois anos depois de fazer as primeiras, Fernando Rosa saltou de 60 mil para 455 mil seguidores, entre os quais ícones como Slash, Lenny Kravitz, Adam Levine e tantos outros. Mais do que isso, tornou-se amigo pessoal de alguns deles e tem sido convidado para fazer shows e parcerias mundo afora.

Fernando - que se apresenta hoje (5), na Blue Note, em São Paulo - já era um baixista reconhecido no meio musical brasileiro antes da pandemia, mas foi a partir do lockdown que ele ganhou o grande público.

"Eu tinha conta no Instagram, mas o conteúdo era pouco. Lives, então, nem pensar. Até que um dia eu decidi abrir minha câmera enquanto tocava em casa", conta. "Comecei a criar noção da importância disso porque o público da live só ia aumentando. Eu ficava o dia inteiro conectado, não havia limite de tempo, então o pessoal entrava a qualquer hora do dia e sabia que eu estaria lá tocando."

Entre milhares de pessoas comuns, começaram a surgir também artistas famosos e celebridades, inclusive de fora da música. "Um dia apareceu a Anitta, depois artistas de cinema, de seriados, como Chicago Fire, Greys Anatomy. Tem muito lutador que me segue, que eu nem conheço", diz.

"Um amigo que mora nos Estados Unidos contou que estava assistindo a um programa sobre futebol americano e um dos caras estava falando de mim na TV. Imagina, futebol americano!"

Tamanho reconhecimento também pode ser medido em likes e visualizações em suas redes. Ao todo, seus vídeos já foram vistos mais de 45 milhões de vezes e mereceram pelo menos 3,5 milhões de curtidas.

ESTILO. As apresentações são repletas de clássicos do funk, pop e da disco-music e tudo tocado em instrumentos com mais de 40 anos de vida. "O baixo mais novo que eu tenho é de 1978. É dali pra baixo", lembra. Ao todo, Fernando diz ter mais de 20 instrumentos antigos, muitos dos quais ele garimpou em viagens ao exterior. "O que é algo ruim, porque meus cachês acabam sempre por lá mesmo."

Há, nesse conjunto todo, uma exceção. "A Fender me mandou um baixo assinado com o meu nome. É um modelo igual ao de 1961. Eu escolhi a cor e o batizaram com meu nome."

Sobre isso, Rosa também tem uma lembrança peculiar. "A primeira vez na vida que vi uma Fender foi através de uma vidraça numa loja aqui em São Paulo. Mano, aquilo era quase uma ilusão, aquela Fender na vitrine era coisa para se levar uma oferenda", afirma.

A Ernie Ball Music Man, que produz instrumentos para astros como Eric Clapton, Paul McCartney e Keith Richards, entre outros ícones, também fez de Rosa o primeiro músico brasileiro a integrar seu catálogo. E, agora, projeta lançar um baixo com a grife do brasileiro.

Isso é bem diferente das primeiras vezes em que ele tocou nos bailes de Itaquera. "Meu primeiro baixo foi comprado pelo meu pai, mas era tão ruim que, graças a Deus, não existe mais", diverte-se. "Um dia, eu o deixei cair e quebrou uma tarraxa. Pedi a um tio meu, que era serralheiro, para consertar e fazer um furo na ponta, para parecer um baixo Music Man. Ele fez o furo com uma broca, mas quando eu tocava uma das cordas saía do lugar."

As dificuldades daquela infância são lembradas com saudosismo. Seu mundo, porém, agora é outro. "A pandemia foi muito triste, mas olhando pelo lado profissional, não se compara tudo que eu adquiri nesses dois anos com o que vivi nos 20 anteriores", garante.

"Minha primeira entrevista foi para a Rolling Stone. Meu primeiro show (após a reabertura das casas) foi no Blue Note. Eu toquei no Noites Cariocas, fui convidado a tocar em grandes casas em Londres e Paris." E completa: "Estive na casa do Lenny Kravitz, em Malibu. Mano, eu estava sentado no sofá da casa do Lenny Kravitz falando sobre música".

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.




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